Dia de Finados...
Dia de Finados é aquela data em que relembramos as pessoas que partiram, é um dia que tiramos para deixar de lado outras obrigações para levar flores, velas, mostrar nossa tristeza pela partida dos entes queridos.
Algumas coisas não me saem do pensamento nesta data.
Quando perdemos pessoas queridas, arrumamos tempo para velar seu corpo, sofremos, choramos (muitas vezes não temos esse tempo ou não nos importamos em dar ao menos um "oi", enquanto aqui estão).
Por que as pessoas dão mais valor ao saudosismo do que à presença física?
Enquanto estamos vivos, todos nos julgam em lâminas afiadas.
Cada falha é supervalorizada como se fosse a única coisa que você tem.
Cada briga é levada a sério, como se não houvesse possibilidade de reconciliação, se não partir do outro as desculpas.
Por que não temos o mesmo cuidado que dedicamos aos ausentes dispensado os presentes?
Na vida estamos em constante processo de renovação, de nascimento e de partida, aos ausentes deve ser dedicado nosso saudosismo, as boas lembranças, e esperanças de um reencontro futuro.
Mas não podemos esquecer-nos de demonstrar, enquanto presentes, sua importância em nossas vidas.
Se soubéssemos a hora que cada um vai partir, talvez as coisas fossem diferentes.
Iríamos amar de forma desmedida, perdoar para aliviar o coração e não perder o curto tempo com mágoas que podem ser facilmente resolvidas: basta estender a mão primeiro. Basta partir e você o primeiro gesto.
Mas, quem sabe não é isso que a vida quer que a gente aprenda?
A valorizar a cada dia, como sendo o único, a amar as pessoa, simplesmente como elas são, porque a única certeza que temos é que serão tiradas de nós de forma repentina, mais cedo ou mais tarde.
Não podemos deixar que a vida nos torne insensíveis ao presente.
Um gesto de carinho não pode ser considerado sinal de fraqueza, não é justo com você mesmo perder a coragem de demonstrar o que sente, o quanto o outro é importante, o quanto gosta, o quanto ama, apenas pelo medo de expor-se.
Não espere perfeição de todos. Ninguém pode ser perfeito, por mais que queira e se esforce.
Isso faz parte da nossa natureza, a imperfeição, mas ainda assim, podemos oferecer o nosso melhor.
Sermos imperfeitos não nos impede de voltar a nossa natureza para o bem.
E quando a gente gosta, tem que levar o pacote completo: com as qualidades e os defeitos.
Tem que compreender que qualquer pessoa, por melhor que seja, pode um dia te magoar, e você precisará perdoá-la por isso.
Que esse dia sirva de reflexão para a vida de cada um.
Pense que, aos que se foram não vai fazer muita diferença quantas flores você vai enviar, por mais belo e pomposo que seja o ramalhete. Talvez faça diferença, para sua consciência e paz de espírito.
Mas aos ausentes, o que vai fazer diferença, o que irá realmente levar de você, vai ser cada gesto que você dedicou enquanto ainda estava presente, enquanto havia ar nos pulmões e o coração era capaz de bater.
Derrame suas lágrimas por quem já se foi, se sente saudades.
Mas não deixe que a saudade seja mais importante que a presença. Lembre-se das pessoas que lhe são caras enquanto ainda estão aqui.
Só Deus sabe quanto tempo resta a cada um.