Nicolás Maduro e "La Gran Comissión"
“Da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a palavra de Deus;” Col 1; 25
Veículos internacionais trazem a notícia que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro criou o “Vice-Ministério da Suprema Felicidade Social”, para cuidar dos desvalidos em seu país, que, diga-se, são muitos.
Interessante e contraditório observar mais essa bravata “bolivariana”. Se, por um lado a coisa é elevada em seu alvo, afinal, busca uma meta suprema; por outro, é interina em sua autoridade, uma vez que, nasceu vice. A ideia que temos de um vice qualquer coisa é de um reserva imediato que assume a função em caso de impedimento do titular, no mais, pouco ou nada voga.
Ora, a máxima “felicidade” que os políticos conseguem engendrar é o prazer do sapato apertado, que, após castigar muito, traz alívio ao descalçá-lo. Assim, permitir toda sorte de misérias, privações, depois enviar uma esmola “social” com pompa e circunstância, como se a gestão dos bens públicos fosse uma bondade pessoal do gestor, não um dever para o qual é comissionado e bem pago. Um populismo hipócrita, canalha, mirando votos; lá, como cá, a busca da realização própria, dos que só a encontram nas benesses do poder.
Na verdade, a felicidade não é bem pertencente a essa vida. Certo é que se pode lograr um padrão de vida satisfatório, gozar de boa saúde e afetos; mas, mesmo esses eventuais privilegiados ainda não serão plenamente felizes, pois, o simples contemplar a maldade, a violência ou a miséria alheia bem ao lado, já empalidece tal “felicidade”.
Não é possível ser feliz sem amar; nem amar sem sofrer; ao menos, nesse mundo dual e imperfeito pós queda. Aliás, aos cristãos chega a ser uma concessão, uma honra sofrer por Cristo; “Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele,” Fp 1; 29 e, seria insensato presumir que os ímpios que vivem sua aversão a Deus gozem na terra a felicidade que mesmo os santos não têm; na verdade, a eles falta até mesmo a paz. “Mas os ímpios não têm paz, diz o Senhor.” Is 48; 22
Devemos concluir então, que a felicidade suprema não existe? Nessa vida, não. Ela foi perdida no Éden, e será restaurada pelo Eterno a Seu tempo. “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas...” Apoc 21; 4 e 5
Assim, os ministros fiéis do Evangelho de Cristo apontam para esse lugar de gozo vindouro, ao qual, a senha de acesso é uma cruz; portanto, o caminho para lá é doloroso invés de fácil. E nós outros somos vice ministros, pois, enquanto esteve nos domínios físicos o “Primeiro Ministro” do Reino dos Céus anunciou pessoalmente seu plano de governo; quando teve que se ausentar, comissionou representantes; “...ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra.” Atos 1; 8
Como o Maduro disse que tal Vice-ministério é para honrar “el gran comandante, Chavez”, o nosso é para obedecer ao Capitão de nossa salvação, que tem em Seu poder, as chaves do inferno e da morte. Esse não desperta nos seus a sede de poder; antes, os faz cientes do dever de repartir gratuitamente o que receberam; pois, a felicidade proposta é também social, não individual.
Quanto aos políticos, o que se espera nem é que sejam promotores da felicidade; mas, se lograssem atuar com um mínimo de decência e honestidade priorizando o Estado, não seu bem estar pessoal; falassem menos a agissem mais, fizessem do trabalho seu marketing, invés de gastarem frutos do nosso para se promoverem na base do discurso e do populismo, já nos deixariam contentes.
Na verdade, quem exerce uma função pública com a visibilidade atual, chega a ser obsceno ter que ficar gastando milhões em propaganda, quando, qualquer ato de governo, por ínfimo que seja, vira notícia sem custo algum.
Políticos deveriam concorrer apenas com seus currículos como qualquer postulante a emprego; isso enxugaria as campanhas tanto dos custos quanto das mentiras... sei, estou devaneando e sendo contraditório; afinal afirmei acima que a felicidade não pertence a essa vida.
Mas eles são assim; um governo que deixa faltar até papel higiênico, promete a felicidade suprema; mas, El Vice-Comandante pode fazer uma c... dessas, afinal, para ele não deve faltar papel.
“Para político corrupto só tem duas alternativas: cadeia ou imunidade parlamentar. No Brasil, optamos pela segunda.” Rutra Larama