Sou viciado.
Sou viciado.
-“O Ministério da Saúde adverte: ficar doente causa à saúde”.
Eu sou tabagista! Dependente compulsivo da nicotina, isto é, qualquer coisa que a tenha e eu possa inalar como fumaça, e a levar para os meus pulmões...
Nem me falem em cura, ou em qualquer processo que me faça deixar a nicotina circulando no meu sangue – fora de questão: de preferência com cigarros de qualquer marca que seja forte, senão fumo muito mais do que os quatro maços por dia... um desespero...
A compulsão é de tal sorte imperativa que mesmo eu tendo câncer e sendo cardíaco (enfartado) a nicotina supera isto tudo e se impõe.
Parei de fumar durante 1 ano e 2 meses (1985/1986)... a angústia era de tal monta que engordei: com 1,90 m, pesando 85 kg, passei para 130 kg – a vida perdeu o sentido sem o café e o cigarro (sendo o café dispensável). Substitui o cigarro pelos alimentos – a sede e fome eram insaciáveis... Tive a chamada “força de vontade”, que me levou a debilitar a minha mente (desconcentrado), e o meu corpo (obeso).
Voltei a fumar e, em 1989, aconselhado por meu falecido irmão, o Mário Sérgio, deixei o cigarro passando a fumar cachimbo: tragando, é claro.
No ano de 2007, resolvi por a minha "força de vontade" novamente em prática: parei de fumar. A começar por minha eternamente amada mulher, a Renezinha, os meus familiares, amigos, amigos-médicos, todos me felicitaram contentes – afinal, eu cuidava da minha saúde... todos ficaram contentes, menos eu: novamente a vida “perdia o sentido”: estressado, 9 meses depois tive o enfarto - já sei! Se não tivesse parado de fumar estaria no mínimo “entortado” com um AVC, ou morto...
Fiquei sem fumar até o início do ano de 2012, quando a minha amada Cherrizinha faleceu... Pronto: encontrei o “motivo” que precisava para voltar a fumar, e fumo até agora, como já disse, enfartado e com câncer...
Também já sei: não me amo; sou “suicida à prestação”; não tenho força de vontade; sou irresponsável etc. – jamais me trataram como realmente sou: doente.
Gravemente enfermo por uma doença em que, contrário do que dizem (demonstrando completa ignorância sobre a sua causa), ataca, primeiramente, a VONTADE – o primeiro dano é situado exatamente aqui: o verdadeiro dependente compulsivo, como é o meu caso, não quer ter vontade de mais nada, a não ser atender à compulsão, pouco importando o "preço" que paga e pagará...
Falam falam sobre os efeitos da doença: câncer, impotência etc. Mas, esquecem da causa da doença – a pessoa: tratam a pessoa dependente como alguém que tem a “plena vontade” de fazer uso da nicotina, e que, assim, assume toda a responsabilidade sobre “o que quer”...
Outro dia ouvi um cardiologista dizendo: “é preciso para de fumar”... e é verdade, ele tem razão... mas aí pensei: “é verdade, preciso parar de ser doente”... e, então me lembrei da frase que cunhei: -“-“O Ministério da Saúde adverte: ficar doente causa à saúde”.
A situação é extremamente complexa, e gravíssima... se, por um lado, a vontade é muito importante na determinação de deixar o vício, atenção: este fato não se aplica para todos os dependentes.
O ideal é não iniciar a prática de fumar. Aqui, sim, as campanhas de publicidade têm validade... Porém, igualmente, é preciso divulgar a verdadeira causa de todas as demais enfermidades, qual seja: a ausência da vontade caracterizada na própria debilidade para decidir, instalada e provocada pela substância química.
Quem vincula a nicotina ao público, como droga que causa dependência psíquica e física, deve ser responsabilizado pelos danos que, previsivelmente, causa.
Bjs.
30/09/2013.
Rodolfo Thompson – OAB(RJ): 043.578 – Cel. (94121) 8100-9806.
P. s. Repetindo: o ideal é não iniciar a prática de fumar .