O radar da alma

O radar da alma não engana.

Se um amigo está pra baixo, se algo o deprime - mesmo que ele não saiba o que - e ele disfarça mas o disfarce não consegue esconder a sua tristeza -, então está aí a prova de que você realmente é seu amigo e está em sintonia com ele.

O radar da alma não engana.

O que fará com esse precioso dom?

Sim, o que pretende fazer com o privilégio de ter um amigo?

O que vai fazer com a sagrada oportunidade que está tendo de provar aos que te rodeiam que amizade de verdade ainda existe - embora as ambições e o materialismo desenfreado louvem muito mais a competição que a parceria?

Imagino que fará a coisa certa...

Imagino e torço muito por isso.

Sim, porque eu posso te dizer que um dia joguei fora muitas oportunidades e até hoje convivo com o fantasma daquela decisão estúpida:

E eu mereço tais consequências... afinal, foi uma decisão estúpida, mas foi toda minha, quando decidi trocar a oportunidade de um abraço por alguns centavos a mais naquele compromisso idiota de trabalho; quando decidi por mais uma hora no passatempo vazio e infrutífero do "facebook" ao invés de oferecer mais sessenta minutos conversando de fato com quem precisava ouvir a minha voz e as minhas palavras - e nessa troca absurda, perdi muito mais, porque além do precioso tempo, também joguei no lixo uma grande parte de mim: era eu ali me desperdiçando, quando decidi curtir a piadinha de mal gosto só pra ser curtido por um grande número de pessoas que sinceramente sequer desconfiam qual é o meu ponto de vista sobre tais assuntos; quando decidi compartilhar imagens e mensagens toscas que repetiam cenas igualmente toscas daquela novela cuja trama propaga o abandono, o ódio, a vingança, a traição e o preconceito - embora pareça reproduzir um painel universal; era eu ali me desperdiçando quando as pessoas que eu deveria realmente curtir estavam sendo bloqueadas da minha vida, enquanto eu estupidamente perdia o meu tempo e a minha vida compartilhando a estupidez que outros, tão idiotas como eu, compartilhavam sem se dar conta - como eu - de que aquela ferramenta e todas as outras ali armazenadas tinham exclusivamente a função de enterrar imbecis na sepultura do egoísmo e da solidão.

Mas, se você tem tempo, liberte-se!

Uma coisa eu te asseguro: o olhar sincero de um único amigo vale mais que um milhão de acessos.

Concorda comigo?

Então, o resto agora é com você!

São Paulo, 12 de setembro de 2013 - 15:00