Desperta
Hoje estou desperta
Mesmo dormindo, continuo desperta
Meus sonhos se fundem com a realidade
Estou insone e dormente
As vezes me sinto presa a correntes invisíveis
Grilhões que me encarceraram, não posso vê-los, mas estão lá
Estão apertando-me os pulsos...
Liberta-me!
Liberta-me de mim mesma
Traz-me de volta a vida dos vivos
Não posso pisar nesse vazio de devaneios
de sonhos mal interpretados
E amores descabidos
Vem e enche-me com teu amor e me torna cheia
Apaga a luz, pois ela me ofusca a visão
Quero sentir-te na penumbra dos meus olhos
Onde estou nesse momento?
Estou desperta ou adormecida?
Não sei ao certo, em qual realidade habito nesse instante
Se eu estou lúcida ou louca
Minha loucura e minha sanidade se interligam
Ao mesmo tempo em que uma linha tênue as separa e as define
Muito mais que me sentir desperta, estou insone, muda, cega...
Estou despida
Despida de velhos pudores que me acompanharam até então
Despi-me e joguei para longe de mim minhas antigas crenças
Hoje estou desperta e insana
Liberte-me
Permita-me
E assim habitarei o mundo dos sonhos
Onde tudo é possível
Onde nada é pecado
Onde o errado não existe
E o certo é incerto
Loucura e lucidez são irmãs gêmeas
Liberta-me de mim mesma
Livra-me desse holocausto que é meu medo maior
E assim sem medos, sem pudores e sem desejos reprimidos
Eu estarei livre de tudo que possa me aprisionar.