SEMPRE É TEMPO DE CELEBRAR
Que é a quantidade em relação a tudo aquilo
que se deixou de dizer?
As palavras, às vezes, vão se multiplicando
e nem nos damos conta que o tempo está a passar.
E muita coisa fica no ar.
Sei que existem milhares de entrelinhas a se comemorar.
Às vezes, o poeta fala é para si mesmo.
Mas sei também que, às vezes, sua voz encontra eco.
No coração de anjos, talvez.
Amigos, sejam invisíveis, reais, ou virtuais.
Declarados ou tímidos.
Mas que existem.
Nem precisam ser muitos, desde que escutem com o coração.
Como fazem as montanhas de silencioso falar.
Esses ficam atentos às nossas pequenas emoções,
aos sentires, aos risos, às tristezas...
Às nossas melancolias que, às vezes,
acabam por transbordar.
Feito açude que sangra.
Rio sem margem, derramando-se pelos vales.
E a gente acaba compartilhando um pouco dessas águas.
Às vezes corredeiras, às vezes remanso...
Escrevemos mais para espairecer do que para aparecer.
E para dizer que somos humanos. Hermanos.
Que sentimos. Acertamos e erramos também.
Mas nunca indiferentes ao mundo,nem à dor, nem à alegria.
Pois queremos um mundo belo, justo e digno.
Uma Terra boa de se morar, de se enamorar.
Apesar de tudo:
dos sofrimentos, das adversidades, das contradições, dos paradoxos.
Mas a gente vai sonhando utopias.
Ainda acreditando no sonho.
No perfume das estrelas.
No azul do vento.
Em giraluas e em corassóis.
Na ternura do luar.
Na lágrima da manhã se abrindo em cristais de orvalho.
Na brevidade da borboleta e do vaga-lume.
No sorriso inocente da criança.
Nas estradas invisíveis que os pássaros sabem desenhar.
Na brisa desfolhando outonos.
Nas notas soltas de amor bailando ao som dos violinos.
Em todas as marés que sabem a doçura de lamber nossos pés.
E pensamos a beleza se multiplicando nos olhos de cada um.
A poesia continua sendo trincheira.
E às vezes é barco.
Que nos ajuda a atravessar imenso oceano.
(Mas não seria um deserto?)
Afinal, amigos, somos companheiros de jornada.
Navegantes das ilusões, sim.
Mas também das esperanças.
Sempre de olho nas estrelas.
Quem sabe, Aldebarã?...
Que nos traga o brilho de uma nova manhã.
Com a brancura dos lírios e o perfume dos jasmins.
Sou grato aos olhos de todos os
que veem e enxergam para além das fronteiras
de tudo aquilo que ainda não consegui decifrar.
Pois escrever é um mistério que me espanta.
Um prazer que jamais finda.
Uma ousadia que me encanta.
Obrigado aos leitores que me completam.
A todos, o meu abraço poeta.
(texto comemorativo aos meus 1.801 escritos aqui no Recanto)