O DESIDERATO VIDA

– Joaquim Moncks, publica no Recanto das Letras:

“O SENHOR PANTUFAS

Hoje, já quase inativo súdito dos lençóis e cobertores, bem diferente de quando era exímio nos combates de cama e mesa. Atualmente, ficou só a mesa e o gelo da invernia a conceber e sacramentar a inexorável condenação de seguir para o Letes, onde, segundo espera, não haverá nem o frio nos pés, que é o que sente e protesta, agora. Em que pese a amorosa gatinha (a santa Fumacinha), viver enrolada nas peludas pantufas, fazendo ron-ron-ron e enfiando do focinho até o rabinho no véu extraído de inocentes ovelhinhas brancas. E também, por sua específica quentura, nos antigos sonhos do encantador moçoilo de dançarinas nuas na memória...

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/microcontos/4330795”

– Marilú Duarte, via e-mail, em 08/06/2013:

São exatamente 07:30 da manhã. Em meio à invernia o dever me chama... Meu neto Murilo me chama... mas ainda há tempo. É um vício. Como podes ver amigo Moncks, as palavras viciam e especulam os mais remotos pensamentos, que se adornam com o efeito de um cantar melancólico na transposição de reticências, exclamações, pontos, vírgulas e muitas interrogações. Não consigo esperar pra depois: teu texto é incrivelmente instigante... lindo... reflexivo e tocante. Daí que... faço a inserção, o rasgo intertextual:

DESIDERATO. Ali estavam elas jogadas pelo caminho, em seu próprio descaminho. Tiveram vida aquecendo outra vida, na vida vazia de quem não a preenche com expectativas. Para que expectativas? Tudo era perfeito, cama e mesa sem retoques, nem toques. O tempo... Sim, foi o tempo que cerceou o seu ir e vir. O tempo? Sim, ele mesmo, o tempo que não é real, a mera convenção de convivência. Mas que tempo é esse que fantasia o sonho, enruga o corpo e esfria os pés, na geleira do anonimato e da indiferença. Nem tempo nem pensamento. Só a solidão, o adormecer do sonho... o fim de um tempo regredido na lembrança. Um objeto à procura de outros pés nesse desiderato chamado Vida. Marilú.

3º momento: domingo, 09/06/2013, 00h58min:

Sem dúvidas, amigo Moncks, que és e sempre serás o criador original, e por isso tuas intervenções sempre enriquecerão o texto. É como eu te digo. Estou engatinhando... Preciso de algum tempo. A pedra bruta ao ser trabalhada até pode adquirir formas, mas não é tão fácil assim. Não esquece que contigo eu aprendi a ouvir críticas, intervenções e principalmente reconhecer o meu tamanho, sem me encolher. Para não perder o ato criativo, preocupo-me em responder rápido, sem muitas delongas, tentando focar muito mais no afeto do que na estética. Aliás, não sei se teria condições de esteticamente burilar um texto meu depois de escrito. Sou muito ansiosa, não consigo deixar para depois. Obrigada pelas tuas preciosas intervenções, elas enriquecem e me ensinam. Abraços.

– Do livro O IMORTAL ALÉM DE SI PRÓPRIO. Joaquim Moncks / Marilú Duarte, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/mensagens/4332134