O OLHAR DE DENTRO

O autor imagina que o texto criado pode alimentar a fantasia ou afastar a aparente pedra no caminho do próximo, e tão similar às que temos em nosso itinerário... Sempre tento apreender a riqueza dos fatos, buscando documentar e dividir com os eventuais leitores. Sim, é possível "fabricar o real", basta pensar sobre ele sem possessão ou extravagâncias, deixando que a entrega ao mistério do outro nos ocupe, num ato pejado de confraternidade... Repito o que sempre digo aos meus: a palavra é o meu brinquedo de gente grande. Com estes códigos refaço castelos a partir de pedra e barro ajuntados nos incontáveis caminhos. E, cuidadoso, vou rolando essas pedras pra que não me firam tão fortemente. Tal uma roda de carreta rodando nas estradinhas de terra. Gemendo, gemendo... Como a fêmea que pare a sua primeira cria. Joaquim Moncks.

Marilú Duarte, via e-mail:

Estou chegando de uma reunião do Rotary e me deparo com várias pérolas em um texto criativo e poético que só poderia ser teu. Alguém me disse uma vez que o brincar mesmo depois da idade adulta não nos torna infantis, pelo contrário, nos dá a noção exata da nossa maturidade e das inúmeras vezes que como dizes – fabricamos o real. Sei que é através de nossa resiliência ao longo da vida que aprendemos a alimentar essas fantasias e aprendemos a afastar as pedras que machucam os nossos pés. Talvez eu seja igual a essa carreta que, gemendo, gemendo, ainda continua rodando pelas sendas da vida. Porque na verdade eu ainda acredito que a felicidade existe. Basta eu ter a coragem de olhar dentro de mim. Abraços. Marilú.

– Do livro O IMORTAL ALÉM DE SI PRÓPRIO. Joaquim Moncks / Marilú Duarte, 2013.

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