Família sim.
Família sim.
O “argumento de autoridade” permeia a minha vida... Assim, é natural que eu recorra sempre a alguém que tenha a capacidade, preferencialmente pública e notória, de responder ou solucionar minhas questões...
O problema surge quando quem eu acho que é “capaz” e me conhece como eu achava que me conhecesse, não chega nem de perto de me conhecer... O estarrecimento é fatal... e isto ocorre geralmente, no seio familiar: como, sendo do meu “sangue”, tendo convivido intimamente comigo, tem essa ou aquela opinião sobre mim, e que nada tem a haver comigo? Ou pior: sendo do meu íntimo convívio, assim, pensando saber quem eu sou, qualquer “juízo” dessa pessoa sobre mim tem um peso extraordinário... Nesta perspectiva, os equívocos podem ser devastadores...
Mas o ponto crucial do tema não está na outra pessoa, ou na “autoridade” que aparenta ter sobre mim, e não ter... porém, em mim, pois inobservo que cada indivíduo, como sugere o próprio nome, tem a sua individualidade própria, específica, como que um universo único. Criando a possibilidade de achar que o outro, seja quem for, me conhece, na realidade sou eu quem lhe dá a “autoridade” de dar o seu valor aos meus valores.
Na família, que deve ser preservada com os seus valores, todavia onde a individualidade é, de regra, desfeita, quando “todos se conhecem intimamente muito bem”, como está fixada a relação de conhecimento de uns sobre outros, a possibilidade de decepção é potencializada.
Quem é o pai, a mãe, e, o filho, que não pessoas que, no conjunto, receberam o título de Família? Note-se: no conjunto, como se o conjunto não fosse constituído, necessariamente, das partes que o compõem...
Então, sem qualquer conotação de desconsideração ao núcleo familiar, compreender que nem sempre a minha intimidade é verdadeiramente conhecida pelos meus familiares, ou por quem quer que seja, pode alçar-me à circunstância de conviver na realidade do que é, e não sobre o que meramente pensam ser...
No que é essencial para a minha vida, o meu familiar pode me conhecer tanto quanto me conhece e o vendedor de picolé da esquina... e não é falta de um ou outo não me conhecerem... visto que as limitações são inerentes a todos nós...
Enfim, muitas vezes supervalorizo um juízo feito sobre mim originado de quem pensa que me conhece... Neste caso, cabe só a mim perceber o que devo (ou posso) fazer com ele...
Bjs.
Ass. Rodolfo Thompson. 10/05/2013
Ps. Não é sem razão o sentido da frase: “compreender mais que ser compreendido”.
Ps. 2 –“Não se sinta vítima sendo vítima, nem luz sendo luz”.
PS. 3 – A violência importa, mas importa mais o que com ela vou fazer”.