Espiral da injustiça III.
Espiral da injustiça III.
Contrário do que pode parecer no texto da “Espiral da Injustiça II”, a Responsabilidade é imprescindível.
A natureza, que tanto nos ensina - como humanos, da qual, inexoravelmente, somos partes -, ainda não conseguiu nos fazer entender e compreender que a dor-sofrimento não pode e não deve ser manipulada para servir de anteparo ou apoio à educação – note: causar dor-sofrimento (suplício) para educar.
Causar dor-sofrimento (suplício) para educar é tão ou muito mais inusitado quanto a prática da tortura, numa modalidade modernizada das Ordálias, e, talvez principalmente, quando essa forma de “ensinamento” é considerada perfeita e acabada, plenamente aprovada pelas Instituições Estatais (a começar pelo Poder Judiciário) integrando a própria cultura, ou, a cultura da violência com a violência...
A busca do aperfeiçoamento da “execução penal” nos sistemas penitenciários, tendo o indivíduo já se submetido à Responsabilidade Penal, nos moldes em que se encontra, não passa daquela “modernidade” criada pelo Doutor Guilliotin, oferecendo um meio mais rápido e mais eficiente para tirar a vida do “con danado”, sacrificado-o, porque não deveria mais estar em sociedade.
Pena de morte psicológica, que certamente é somatizada, a estrutura básica da Penitenciária está em submeter o morto-vivo à dor-sofrimento como Interno, reais enjaulados, e, com o tratamento “diferenciado”, desde que cumprem pena pagando pelo crime praticado (mesmo sob o manto da “ressocialização”).
Causar a dor-sofrimento (suplício) para educar ou ressocializar, da na mesma...
Responsabilidade penal, condenação, penalização, e, pagamento da pena, é uma sequência de violência secularmente adotada, como dito, legítima e legalmente aprovada pelo povo (individualidade e coletividade), e pelo Estado.
Por mera analogia, é como se o indivíduo portador de uma doença contagiosa grave tivesse de ser isolado do meio em que se encontra, mas, devendo passar por dor-sofrimento para expungir os seus males. Ou seja, causar-lhe dano (cum dano – condena) é a forma, o meio, o instrumental adequado que permeia a razoabilidade civilizada.
A civilização é fraterna... até que o indivíduo tombe enfermo (socialmente)... Neste momento, entra o mais visível e estarrecedor paradoxo: agir e executar a violência apontando que a violência não é desejada, nem, muito menos aceita.
Enfim: violência que gera violência sobre violência, numa espiral de violências!
Diz-se que “um quadro vale por mil palavras”... O quadro secular, mas atualíssimo, da violência vai perdurar enquanto o Doente Social não for tratado como Enfermo... mesmo que tenha de ser internado...
Rodolfo Thompson – OAB(RJ): 043.578 [Cel. (21) 8100-9806].
Ps. A violência importa, mas importa mais o que eu com ela vou fazer. R. L.