Nova chance
 
     A vida cotidiana nem sempre é generosa em metáforas, nem tão pouco esbanja suavidade. Existem dias em que acordamos pesados, no corpo, uma canseira, que mesmo tendo dormido a noite inteira, continuamos a nos sentir pesados.
     Na verdade este é um estado da alma, é ela quem está sofrendo, e por alguma obscura razão sentimos este peso, como se um objeto de muitas toneladas estivesse ali, fazendo pressão em nosso íntimo, nos agonizando, é nestes momentos que ansiamos, almejamos com toda intensidade sentir a alma leve. Sentir aquela sensação de leveza que nos faz, quase, flutuar, isto se chama estar feliz. Felicidade? Bem estar? Seja lá o que for, desejamos esta sensação em nosso imo.
     Desejamos trazê-la para perto para permear todas as nossas produções e para nos permitir voar o mais alto possível, sem se perder de vista o ponto a que se deseja chegar.
     Viajar como os pássaros e não como a pluma que sem vontade própria, toma o rumo que o vento lhe der.A leveza que procuramos é o valor que transborda no nosso interior não nos fazendo livres apenas quando estamos na ebulição da alegria, mas também quando passamos pelas mais adversas dificuldades.
     Esta leveza costuma andar de mãos dadas com a fantasia e a imaginação e em geral trafega pelas ruas onde circula o prazer. O prazer de aprender, o prazer das constantes buscas, ainda que se tenha errado.
     É possível ser leve, sendo responsável, conseqüente, ainda que tenhamos consciência de todas as dificuldades do mundo que nos cerca.
     O dia de hoje pode marcar o erro, sem que para isto eu tenha, necessariamente, que me sentir pesado, por que amanhã eu terei a chance de concertar, ou pelo menos, remediar o que fiz de errado, afinal todos nós somos passivos de erros, mas todos nós temos sempre a segunda chance e às vezes, até mais.