Espiral da injustiça.

Dr. Silvio, bom dia!

Gato pelo envio do (último) artigo inscrito na “ISTO É”, de 10/4/13

O tema faz parte de um livrinho que escrevo, intitulado “À Nossa Família (curiosidades e lembranças)”...

Espiral da injustiça.

Parece-me, para iniciar, necessário o entendimento do significado (empírico e sucinto) de Justiça, qual seja: prática concreta e vivencial do que é bom, certo e útil. Ou, prática diária do direito.

Mas esse “bom, certo e útil” é relativo, abstrato, ou é um ideal a ser alcançado ? Não! Em cada cultura há o condicionamento (ver Ivan Plavov e outros) das condutas no sentido de fixar valores que passam a integrá-la... Assim, praticar esses valores nada mais representa que praticar o que é justo (ius ou jus ou direito), ou fazer justiça (ius mais “tiça” que é a corruptela de “ista”, que corresponde à habitualidade). De regra, nesta perspectiva, cada cultura pratica a sua justiça, o que não significa, necessariamente, relativizá-la, quando a injustiça é a exceção.

Na história universal nada mudou sob o aspecto comportamental. Lá, primitivamente, o fraterno que “errava” era punido com as próprias mãos do lesado ou lesionado. Hoje, a punição vem do mesmo jeito, mas na forma representativa, pois o Estado cuida da condenação (penal) – é defesa a “justiça pelas próprias razões”...

Em qualquer caso, permanece a Punição (palavra que tem raiz em “púnico” ou perverso, iníquo etc.) com a Condenação (com raiz em causar “cum dano”, isto é, causar dano).

Com vistas à ontologia ou à etimologia, condenar punindo é um paradoxo negativo milenar, à medida que a agressão é combatida com a agressão: fazer justiça é infligir dor-sofrimento ao violento para não ser violento... Questões como “dever pagar o mal com o mal” etc., eu deixo paras as outras áreas de estudo (religiosas ou não)...

Nesta obviedade aética, torna-se cada vez mais condicionado o indivíduo ao fato de que mais força e domínio tem quem mais detém e utiliza da violência (Estatal, ou individual) – ao entrar no sistema penitenciário esse mesmo fato é “condicionado”...

Por sua vez, na “justiça penal”, que cuida das condutas tidas como sendo aquelas (tipificadas ou codificadas) consideradas de maior grau de reprovabilidade antijurídica (contra o direito), é onde resta faticamente confirmado que “a agressão gera a agressão”, que gera a agressão e assim sucessiva e perenemente, de violência sobre violência, resultando, como não pode ser de outra forma, numa espiral de injustiça.

Enfim, esta é posição filosófica e prática do Médico: prevenir ou restabelecer a saúde e a vida, ou, evitar, impedir que se agrave, diminuir ou extinguir a dor-sofrimento (de todos(as). Assim, enquanto não há a prática médica para os doentes sociais, a injustiça toma lugar... Haverá sempre doenças? Sim! Mas a abordagem profissional afetiva é fundamental, e quantas pessoas podem ser “salvas”... vendo a real fraternidade, e mesmo que haja a necessidade da “internação do enfermo”!

Sem a educação nenhuma evolução humana poderá ser cogitada... com o “combate” sobre os efeitos... literalmente, e “simplesmente”, vingando-se, matando-se, e enjaulando-se pessoas... desde o Código de Hamurábi... há quase 20 séculos a. C.

Abraços.

R. Thompson – OAB(RJ): 043.578. 30/04/2013

Rodolfo Thompson
Enviado por Rodolfo Thompson em 30/04/2013
Reeditado em 30/04/2013
Código do texto: T4266781
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