My inner child

Aí você acorda um dia e pensa como sua vida teria sido diferente se determinada situação não tivesse acontecido...

Depois de todo aquele reboliço em casa e discussão pelo telefone com a mãe... ela andava errante, não sabia o que dizer, o que fazer, o que pensar ... apenas andava. A voz que invadia seus pensamentos pedia para que ela desse fim a todo aquele sofrimento – Uma passarela em uma avenida movimentada, num salto você acaba com todo o desespero, todo sofrimento que você sente agora. Parecia ser mais forte que ela. Os carros movimentavam-se velozmente e tal qual aos transeuntes, ninguém se importava com ela, ali, era apenas mais uma na avenida.

O sol ardia a pele. Mas por dentro a tempestade era torrencial e as janelas da alma deixavam algumas gotas insistentes escaparem. Por que isso acontecia com ela? Por que com ela? Era uma dor infinita. Nada poderia feri-la mais que os gritos da mãe, a única pessoa que poderia apoiá-la, que poderia dar uma palavra de conforto ou um abraço protetor, mas não , a empurrou para mais fundo de si, local que nem ela sabia que existia. Uma escuridão, um mal cheiro, os piores pensamentos moravam ali e o corpo dela se decompunha e ela mesma não o podia reviver, apenas morria envolta a um rio de lágrimas. Cada passo pesava, cada piscar demorava, todos os amigos fugiram e a ela apenas sobrou o silêncio da solidão e o tilintar dos seus próprios erros.

Sentada no primeiro degrau da passarela daquela avenida, ela olha o sol, para esquentar a alma que lhe era gelada. Lembra lentamente das histórias heroicas que havia lido quando criança. Que o verdadeiro herói não é aquele que foge dos problemas, mas que os enfrenta e mesmo extremamente ferido, vence! O gibi dela era diferente, o gibi não tinha figuras, as letras eram miúdas e a capa era preta e quem dava super-poderes aos heróis era – Deus!

Levantando-se dali, tomou o seu leito e andou...