NOS DOMÍNIOS DA PALAVRA

Estimada Marilu Duarte! É o que observo em ti: uma fortaleza de causar inveja aos invejosos. Sabes, por certo, que te quero muito bem. Admiro a mulher, a mãe, a escritora, a fotógrafa, a profissional da psicologia, do direito e das letras, possuidora de talento ainda não revelado, pedra preciosa da criação ainda por brilhar ao grande público. Sei-te amante dos que gostas e de quem gostas. E percebo que sempre me tratas como uma criatura especial: aquelas capazes de morar no teu coração. E a recíproca é mais do que verdadeira. Grato, muito grato pelo teu reiterado carinho de tantos anos. Sou, enfim, um anônimo admirador que pouco relata, mas que muito prazer sente em te saber preciosa. Nada como ter bons leitores. São adivinhos. Sempre buscam as profundezas, através de leituras conexas, mesmo que os textos nem tenham esta destinação ou expectativa... E é isso o que fazes com os meus pobres escritos. É cativante tratar com talentos de primeira como tu, que tens e o és. Eu me sinto feliz em ter-te como assídua leitora. E percebo, também, que estás fugindo ao lugar comum da vida (como escriba), já que, em cada linha do que se lê, fica perceptível a facilidade com que estás a manipular o sentido e o saltitar dos mistérios entremeados nos vocábulos, os frutos amadurecidos do rolar mundo e perseverar nos domínios da Palavra. Também peço escusas pelas horas ocupadas nos teus redutos de descanso e solidão produtiva ou de ócio criativo, como diria o italiano Domenico De Masi, que tem se preocupado com o tema da ociosidade destinada à criação literária, dentre outras de igual valor. Sim, vou tomar do bom vinho e concelebrá-lo no saudar a vida, no dia do lançamento de teu livro “Revoar de Sonhos”. Hosanas à amizade!

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

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