SERMÃO PELA POESIA

“Moncks, com sua sapiência aguçada, sua sensibilidade aflorada, sempre nos remete à reflexão e porque não dizer a desafios! Quanto à referência em ser “jurássico”, deixo essa citação: "Por isso, não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia". ((2 Co 4:16)). Grata pela partilha e amizade! Abraços!”

– Luciana Melo, via Facebook, em 05/04/2013.

Obrigado, Luciana Melo, pelas palavras elogiosas. Também pela referência bíblica, a qual eu não conhecia, e – como é usual em nossos diálogos – tu a sabes fazer oportuna e estimuladora a mim, teu admirador e amigo. Realmente, o salmista, aqui, foi supimpa... Em verdade, sinto que tenho lutado pela sempre renovação dentro de mim. No mínimo, a palavra limpa, verdadeira, interior. Mesmo que saiba, com Vieira – olhos e ouvidos no seu Sermão da Sexagésima – que "Palavras sem atos são tiros sem balas", semearei o verbo, trazendo verdades nos serões pela Poética, mesmo nos recantos mais hereges, muitas vezes nos sertões mais inóspitos... Percebo que a palavra bíblica é metafórica, parábola e sugestão: vai além da palavra e do tempo. O evangelista relata o que viu em sua época, bole sobre a vida com doçura, em cima de fatos ocorridos ao seu dia a dia. E tem o futuro dos tempos e do humano ao seu norte... A Poesia é minha religião, e, com ela religo-me à Providência e ao humano de toda sorte, meus irmãos de itinerário, na condenação ao sentir e ao pensar. Vivendo e morrendo por Ela, que a cada momento contém o universo codificado de sofrimento e luta por vida, no ardor do mistério da Palavra. Há sempre algo de crístico e visceral dentro do poema forjado no cadinho da Verdade. Cabe ao recebedor louvar-se, e, louvando, fazer-se humano...

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

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