Como vivem os vovôs no Brasil?
O que a chamada família pós-moderna está fazendo com seus idosos?
Eles estão vivendo muito mais. Já estão ultrapassando o patamar dos 100 anos. A grandiosa maioria tem renda de, pelo menos um salário mínimo, boa parte deles está lúcida, morando na casa de parentes, porque o Brasil se esqueceu dos idosos, tirou deles o que pode, e o que nem deveria tirar, com a desculpa da falta de verba. A verba foi aquilo tudo que o idoso contribuiu a vida toda para ter um mínimo de conforto na velhice. Mas, cadê?
Como os filhos cuidam de seus pais, avós, bisavós, tetravós? A manchete policial denuncia que a violência aos idosos é dentro de casa! Não é violência física só não, é muita violência moral. Marmanjos exploram a mísera aposentadoria dos idosos, se apossam dos cartões e senhas. Até para comprar os remédios é um sacrifício, não sobra. O idoso vive das sobras de tudo...
Há aqueles parentes atacados pelo espírito devorador de herança que se encostam na minúscula casa dos pais idosos; marcam o território; ditam regras; estabelecem onde vão se alojar definitivamente; espremem os velhinhos e os empurram dentro da própria casa, para o lugar menos confortável. Outros sobrecarregam os pobres coitados, botam uma carga desumana de tarefas sobre eles: tomar conta de crianças nas férias e nos fins de semana para os folgados passearem; pagar conta nos bancos; levar moleques para a academia, para a aula de inglês, para a igreja. E ainda põem, sobre os idosos, a culpa por todos os comportamentos errados e considerados descuidos da educação: são seus avós.
Há filhos que frequentam a casa dos pais como se ali fosse um consultório de psicanalista, psicólogo, psiquiatra. Despejam todos os problemas sobre as costas dos idosos, se aliviam das próprias mazelas, contraídas por decisões e negócios errados; discutem, brigam, se desentendem, tudo na frente dos coitadinhos, depois saem com a maior cara de pau, dizendo que não sabem porque os pais vivem com a pressão tão alta. Outros obrigam os pobres idosos a contraírem dívidas junto aos bancos, nos empréstimos aviltantes, para trocarem de carro, mandarem os pimpolhos para a Disney, etc...
Por que certos parentes tratam tão mal seus idosos? Será que eles pensam que só o próximo ficará idoso? Será que eles pensam que têm direito à juventude eterna? Será que eles pensam que Deus é injusto? O que passa de violência aos idosos na TV é simplesmente inacreditável. Será que se pode instalar uma câmera na sua casa e gravar o filme dos idosos vivendo na família? Pois é, mas as cenas estão sendo gravadas pelo céu, Deus vê.
Coitados daqueles vovôs que ficam presos a uma desconfortável cama, no quarto mais solitário e quente da casa, com um copo de água morna sobre uma cadeira para não ficar incomodando a toda hora, pedindo água. Alguns ainda colocam todas as cartelas de comprimidos juntos na cadeira e um relógio para o próprio tomar as pílulas na hora certa. Certa? A certa altura da vida, os vovôs correm o risco de trocar tudo. Estão morrendo idosos aos milhares porque trocaram os medicamentos ou tomaram em excesso...
É bom colocar um celular bem simples colado no vovô para ele discar o número 100 e denunciar os maus tratos. Porque se vão para os hospitais, mesmo com plano de saúde, se arriscam de tomar a sopa na veia, éter no músculo, e ter os aparelhos desligados, porque o agente funerário tem pressa.
“Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, mostra que dos 93 mil idosos que são internados a cada ano no Sistema Único de Saúde (SUS), 27% são vítimas de violência. Só em 2007, 116 mil pessoas acima dos 60 anos foram agredidas Brasil afora, segundo dados do Governo Federal. 12% dos 19 milhões de idosos brasileiros já sofreram maus-tratos e 54% das agressões são causadas pelos próprios filhos”.
O único mandamento da Bíblia com promessa é: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem seus dias sobre a terra”. Efésios 6:2
Ah! Brasil. Sua população está ficando idosa, suas políticas sociais também; muitos políticos caducaram e os vovôs sobrevivem, assistindo pela TV, o que eles andam fazendo com o suado salário que lhes foi subtraído das aposentadorias.
Ivone Boechat