O CORDÃO UMBILICAL

Estimado Quo Vadis! Tua louvação à memória de Lígia Antunes Leivas evidencia o quanto lhe eras grato. Pelo que escreveste em várias oportunidades, através de textos-homenagem, por mensagens trocadas entre nós, e, acresça-se, pelo que já tivemos o vezo de conversar até por telefone, a nossa Lilu era uma mestra de ofício e uma criatura muito amorosa, especialíssima, sempre pronta a estimular o autor do(s) texto(s) que eram objeto de sua pronta leitura. Quase sempre deixava a impressão que estes lhe causavam, o que era motivação para o autor do texto lido. Foi assim comigo e, pelo que soube, contigo também. Ela foi minha professora curricular no ginásio, em 1958, no Instituto de Educação Assis Brasil, em Pelotas, nossa terra natal. Era nascida apenas três anos antes de mim. Perdemo-nos pelos caminhos da vida e voltamos a nos achar na Academia Sul-Brasileira de Letras, quando tomamos assento na mesma. Foram 18 anos de fraterna convivência. No Recanto das Letras, desde 2005 trocamos experiências e textos: eu autodidata, e ela com a devida formação pedagógica e bagagem específica. Foi-me muito útil e condescendente: uma paciência de Jó quanto aos meus questionamentos. Aprendi com ela a ser analista de textos literários, especialmente quanto à Poesia. Enfim, bebi água na fonte. Lutamos o bom combate no ativismo cultural e acompanhei o seu calvário, fruto de metástases cancerígenas. Era um amor de pessoa. Sinto imensa falta dela e, por certo, todos os que tiveram a graça da convivência. Na ASBL, na qual exerceu a presidência, terminando o mandato há uns três anos, foi vigorosa e exemplar, com todo o dinamismo, paciência e sabedoria que o cargo exige. Agora ficou a sua trajetória a ser ressaltada. As loas chegam numa boa hora. Serão lidas em sessão de 24 de abril próximo, quando teremos um sarau em louvor póstumo, com textos de Lilu. A peça de tua verve: A VELHA ACADEMIA ESTÁ DE LUTO, publicada em http://www.recantodasletras.com.br/homenagens/4206812 , será, por certo, bem recebida, em especial pela existência do cordão umbilical original lusófono. Que a Providência nos guarde...

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/mensagens/4209553