O AMOR DOS FILHOS

O amor filial não se confunde com o sentimento da amizade devido às suas especificidades. Ambos são similares, mas não se confundem, porque a vertente amorosa é diferenciada. Lembra-te de que o amar contém vivamente a possessão passional, ainda mais no caso de uma jovem bonita, como tu és. Aliás, a juventude é sempre bela por sua natureza vivaz e ações inesperadas. Imagino o quanto tua mãe deve ter permanente preocupação com o teu presente e o teu futuro... A cabeça de uma poetisa (a maga maravilhosa que te habita) é sempre um redemoinho de conquistas em torno de liberdade e disponibilidade de tempo e corpo, aos 18 anos... E, a não ser que tua mãe seja muito bem dotada intelectualmente e possua, psicologicamente, maturidade e muito discernimento, mesmo assim dificilmente conseguirá entender (e ter a visão e o conceito que tens sobre o meu texto A AMIZADE, em http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/4197455 ) e acerca do que tu quererás passar a ela, ou seja: trazer o texto nu e cru para os domínios da realidade, utilizando-o com elemento de crítica à sua conduta. Tudo porque cada pessoa vê o mundo segundo o concebe... E o teu 'conceber' (a tua visão de mundo) é diferente do dela, naturalmente. Afirmas que ela é muito seca no tratamento interpessoal e que não se derrama em afetividades... Pois, então, abraça-te a ela, deixa o choro te afogar a garganta e pede perdão até pelo que ainda não fizeste em teu jovem viver. Simplesmente porque ela ainda está viva, sã e salva, ao teu alcance. E isto é o maior brinde para um filho... Repito! Cola em tua mãe, beija-a e lhe dá um afetuoso abraço e, por certo, o teu coração irá se despejar pelos olhos, porque essa é dimensão humana do afeto acumulado, especialmente no ser feminino. As lágrimas, por certo, selarão o pacto para futuras descobertas...

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/mensagens/4201409