Ditadura da verdade.
Ditadura da verdade.
Há algum tempo venho debatendo contra expressões que “compramos” (adotamos) e, no final, já nem pensamos mais nos seus significados e consequências... e uma delas é que “a verdade é relativa”... Dentre outras incongruências (lógicas), se esta frase segue o seu conteúdo de verdade é ela também “relativa”, afirmando, em si mesma, a sua relatividade, e, por conseguinte, admitindo haver verdade absoluta – aliás, sem a ou as verdades absolutas o mundo seria o caos... onde até mesmo a matemática estabelece verdades (paradigmas de abstrações) para poder funcionar... [v. Recanto das Letras - A. Rodolfo Thompson: Verdade absoluta; Verdade e justiça etc.]
Porém não é sobre isto que quero especular hoje...
Na premissa de que é moralmente mais que conveniente viver e conviver com as verdades estabelecidas, todavia, a verdade, não poucas vezes, é “utilizada” com meio de manipulação negativa - manipulação positiva: por ex., para impedir o suicídio...
Desprezando o princípio universal de que ninguém pode ser forçado, ou induzido, a fazer prova contra si, é muito comum a apelação para a consciência moral de quem deve falar a verdade, mesmo que isto possa lhe causar um perene mal irreversível. É o que chamo de “DITADURA DA VERDADE”.
O absurdo arraigado pode chegar ao clímax de se exigir a verdade do seu detentor, não importando se a exteriorização dessa verdade pode vir a aniquilá-lo moralmente.
Ora! Se a educação (por reflexo condicionado cultural) acaba por determinar dizer a verdade, por ser tão preciosa e cara, como falar a verdade que vai servir de base de sustentação para os interesses alheios, quando, e se, opostos aos interesses próprios ?
A verdade seria, assim, uma utopia ou um sonho a ser realizado ? É óbvio que não !
A regra, o curial, o trivial, o normal é a vivência e a convivência com a verdade . Já a mentira, ou a falta da verdade,exceção. Mas, que ninguém se sinta constrangido em não revelá-la, ou a não dizê-la, se perceber que dela o outro quer fazer o uso ou a utilização para o seu próprio aproveitamento – e, no mais completo absurdo, sem nenhuma preocupação (escrúpulo) com a ética, ou com a imprescindível moral.
Mesmo com esse paradoxo, e nessa excepcional circunstância, a prática da verdade perdura imprescindível na convivência...
Ass.: Rodolfo Thompson.
Ps. É excelente viver e conviver com a verdade...