ROTINA DE UMA HEROÍNA CHAMADA MULHER

(Sócrates Di Lima)
 
É  madrugada, quase de manhãzinha
O relógio despertador  toca., ela acorda,
espreguiça na cama., estica-se toda....
Não dá vontade de se levantar.
A cama está quentinha.,
Mas, o dia já se levantou faz tempo.
Ela olha sua janela.,
Entre suas frestas, vê a luz do sol., ou ainda escuro,
luz elétrica de um poste qualquer.,
Ou, nem a vê, pois o dia ta nublado.
Então se levanta num ímpeto.
Lembra-se que tem que trabalhar.
Olha o relógio, o tempo não para.,
Então, mesmo contra sua vontade,
tem que se levantar.
Vai até o banheiro,
Faz sua higiene pessoal.,
às vezes vai para a cozinha,
faz seu café....
...e o  relógio não para.
Volta ao quarto, olha para aquela cama,
ás vezes vazia, ou ocupada por obrigação,
convidando-a para o retorno, mas, não pode.
Coloca sua melhor roupa.,
Muitas das vezes,
Um uniforme, quase que ridículo,
Mas, tem que usar.
Passa seu creme,
Seu perfume preferido.,
Uma calcinha nem sempre novinha.,
Mas, gostosa de usar.
Um langeri para realçar os seios.,
Um batom provocante.,
Ajeita os cabelos,e no seu salto alto,
Pega sua bolsa, pasta, sacola,
às vezes pesada,
cheia de segredos.,
às vezes uma marmitinha,
Tira o carro da garagem.,
Ou vai para o ponto de ônibus,
E ali, ficamos 30, 40 minutos.,
Até o “buzão” chegar, lotado.
Ninguém lhe cede assento.,
e a viagem segue
aos solavancos do coletivo.
No curso do transporte,
sente que algum engraçadinho fica fungando
na sua nuca.,
com o cheiro insuportável de suor
ou cachaça,
aproveitando-se das freadas do ônibus,
e esfrega a genitália
nas suas nádegas sem  nada poder fazer.
Chega no trabalho, ainda irada,
O chefe olha no relógio propositadamente,
como quem diz, - está atrasada.
Nem liga, bate seu cartão, assina seu ponto,
ou não faz nada disso,
mas, vai para seu setor, sua sala, seu gabinete.,
E ali passa o dia todo,
Entre olhares ocultos e obrigações infinitas.
De vez enquanto, um retoque na maquiagem,
um reforço no batom e pronta para novas tarefas.
Vem o horário de almoço,
Muitas vezes faz suas refeições na fábrica,
no restaurante, no carrinho de lanche ou na marmitinha,
feita às 5 horas da manhã.
Mal da para descansar, e já está de volta ao seu labor.
E, lá está ela, novamente fazendo a fila andar,
delicada, sorridente, paciente, olhar cansado, mas, alegre.,
pronta para tudo.
Chega o final do expediente, muitas vezes,
esse expediente nunca se acaba, e quando acaba,
Sai correndo pra casa em meio à noite escura,
começando nova etapa do seu dia.
É, quando chega em casa,
na maioria dos casos,
Ela tem que lavar roupas,
faxina a casa,  coloca a roupa na máquina,
quando a tem,
vai para a cozinha, faz a janta
dá atenção ao filho adolescente,
na maioria, aborrecentes,
ou cuida dos filhos pequeninos,
e espera o marido,
companheiro, quando o tem.
Sem contar que depois de tudo isso,
às vezes,
O marido ou companheiro,
chega em  casa bêbado,
ou zangado por algo que não deu certo,
e desafoga seus insucessos nela.,
Blasfemando, injuriando, espancando.
Permanecendo calada, sofrida, amargurada.
Contudo,
Quando já se banhou, alimentou-se, e,
indo deitar-se para repousar seu corpo
cansado, dolorido, sem mesmo um prazer
implorado do sexo ,
o relógio desperta para mais um dia,
outro dia do cotidiano
da incansável heroína mulher.
Que Deus proteja e cuide
infinitamente de esse maravilhoso ser,
chamado mulher.

 
Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 26/02/2013
Código do texto: T4160415
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