Quanto mais choro
Quanto mais choro, mais eu escrevo, sentindo-me abençoada por ser capaz de conseguir, ainda que de maneira imperfeita, expressar o que sinto. Nunca expressarei os meus sentimentos de forma perfeita, porque a minha escrita é falha, refletindo as inseguranças do meu espírito. Porém, mesmo que minha escrita seja incompleta, eu me satisfaço porque mostra que eu não me rendi às batalhas que travo constantemente contra as minhas fraquezas e que persisto em seguir adiante com as minhas aspirações.
Não pararei de escrever, porque a palavra é a arma de que disponho para lidar com meus tormentos e me acalmar enquanto navego no oceano da existência.
É uma arma com a qual eu afirmo a minha dignidade, defendo os meus pensamentos e os meus direitos. Portanto, quanto mais choro, mais eu escrevo, para refletir sobre o que me leva a chorar, encarando a dor, o medo e a solidão.
Enquanto escrevo, revivo o que me machucou, tentando dar a definição certa para os fatos,o comportamento das pessoas e o meu próprio. E, escrevendo, eu me aproximo mais de mim, toco-me, analiso-me, procurando avançar no conhecimento de mim mesma.
Ao colocar minha alma no papel, eu me recuso a ficar inerte e me mantenho inquieta, ativa e questionadora, porque exercito o meu pensar, vejo os múltiplos aspectos que envolvem cada fato e me dou conta da complexidade do existir.
Para mim, escrever é lutar.