Fim do mundo? Seria bom demais!
Tenho percebido, assustadoramente, que pouco (nada?) tem se vivido na coletividade e no amor. O egoísmo nos faz inúteis soberanos de um reinado projetado em desespero, gerando a guerra silenciosa (individualista) de egos (aliás, de péssimo gosto!). Quanto mais descompromisso com o outro, menos credibilidade da palavra. É a banalidade da consideração humana. A defesa dos fracos é a autocomiseração, a dos imbecis é o orgulho, a dos mal amados é a carência (que se espalha rapidinho pelas redes sociais...).
Não há isentado, apenas alguns distraídos não percebem, mas a humanidade anda adoecida, esquizofrênica. O vírus instituído feito praga é o medo. Tudo é proposto em fingimento, não aceitam verdades. Como robôs marchamos, obedecemos, ignoramos... Tanta miséria e o mesmo “feliz natal” distribuído feito mágoa, sempre por obrigação (o compromisso com a obrigação é persistente durante a vida toda, um martírio, um assassinato constante da liberdade). Tanto mais futilidade mais sua proliferação. O fim do mundo seria bom demais para ser verdade, seria uma solução em vez de ser uma mentira para dar esperança aos esclarecidos, vagabundos e aventureiros poetas. Adélia Prado tinha razão, a vida é horrível. Então avante ano ímpar! Vê se ao menos o enigma de serpente influencia alguma pigmentação colorida na palidez das pessoas. É preciso ser cuidadoso para não tornar acinzentado, ousado para permanecer corado.