MENSAGEM DE FIM DE ANO!
Toda matriz civilizatória baseou-se na necessidade verificada pelo homem de criar um meio de garantir proteção a três valores fundamentais: a vida, a família e a propriedade. Assim, tomado pela vontade de viver, garantir a vida dos seus e manter o que trabalhou para obter, passou a aceitar a vida em comunidade como forma de se proteger da natureza e do próprio homem.
Ocorre que, para tanto, fez-se necessário abrir mão da liberdade incondicionada, do contrário a lei da selva imperaria e o homem acabaria trocando os perigos potenciais da vida eremita pela certa tirania da vida em sociedade. Dessa forma, surgiram as normas reguladoras do indivíduo, da família e da sociedade e criou-se um mecanismo coletivo, maior que a soma das partes e mais forte que qualquer indivíduo ou grupo de indivíduos, capaz de manter a ordem pela garantia da aplicação das normas e punição dos desviantes: o Estado.
Infelizmente, o distanciamento da realidade vivida e sofrida pelos subscritores do “contrato social”, bem como daquela vivida e sofrida pelos sobreviventes das tentativas de calibre mundial de destruição desse contrato, está criando uma onda de propagadores de uma liberdade total, de um Estado-Mínimo – quase anárquico, como meio para que suas luxúrias possam ser realizadas sem entraves e seus instintos não encontrem barreiras ao total desafogo.
Ao lado disso, um emaranhado burocrático, entremeado de corrupções, enfraquece a legitimidade do Estado, criando um ambiente perigoso ao retorno da justiça privada pelo forte sentimento de abandono.
Enfim, vivemos tempos perigosos de relativização da moral, exaltação desenfreada da liberdade individual em prolífica atividade legiferante de direitos e crescente sentimento de revolta do cidadão de bem frente aos impunes mandos e desmandos das autoridades e atos de vandalismo social, econômico e cultural.
Vivemos tempos de glorificação da ignorância e da violência pelo crescimento desenfreado e veneração de autodenominados “esportes”, bem como de personalidades que, ou se vangloriam de seu baixo grau de escolaridade, ou exploram essa condição (real ou teatralizada) para obter maior aceitação pública. Vivemos tempos de vilipêndio da formação (bons costumes, bons modos) e da informação (educação formal), desacreditadas como verdadeiros meios de transformação.
Por tudo isso, proponho, nesse ano que se apresenta, um repensar sobre nossos valores, nossas metas e nossos limites. Proponho refletir sobre nossas dores e conflitos para ver se realmente retiramos algo proveitoso, como reconhecer as coisas que elevam o espírito, ou apenas nos tornamos mais amargos. Proponho valorar a vida plena, plena de sentido, de amigos e boas emoções. Proponho valorizar o tempo e nele construir um futuro de pessoas mais humanas, mais tolerantes e tão cientes de seus direitos quanto de seus deveres.
Abraço e um ótimo 2013!