TRANSMUTAÇÃO

Aos 40... transmutei-me. E não pense que isso seja um tipo de sublevação. Acredito que toda alteração de estado e de ser aos 40 seja algo perfeitamente natural. Quando se trata de uma mulher então,  mudanças nessa idade, em sua maioria, creio que estejam intrinsicamente ligadas a coisas do coração.

Comecei a ver a vida com outros olhos... talvez  de águia, gavião, condor ou falcão... Lançando sobre tudo um olhar mais certeiro e profundo; fitando acima de tudo as incertezas do meu próprio mundo. E trago só comigo razões para acreditar que, nessa fase, virei um pássaro... de um tipo bem silvestre e quem sabe até mesmo em extinção.

Dizem que os 40 é a “idade da loba” e "do lobo”, mas eu não a definiria simples e tão somente assim. Pois, nessa idade, a mulher adquire muitas qualidades animais e algumas bem selvagens... Defendo, todavia, que alguns homens, ao chegarem até aqui, entram para a "idade do lobo", sim! E ainda há aqueles que, por alguma razão misteriosa, permanecem lobos para sempre...

Esmiuçando mais a fundo a origem desses termos... “idade da loba” e “idade do lobo”, deparei-me com teorias interessantes que bem os explicam.

Sobre a “idade do lobo”, fala-se que a expressão é uma referência e, ao mesmo tempo, uma resposta irônica à teoria de Freud, que os homens, em sua maioria (todavia não  generalizando logicamente), quando chegam aos 40, entram para a idade do lobo, referindo-se à vitalidade sexual, os quais passam a adotar atitudes de auto-afirmação, tentando provar para si mesmos, e principalmente aos outros, que permanecem jovens e cheios de vitalidade, procurando mulheres mais novas, mais viçosas, as “chapeuzinhos vermelhos”.

Quanto à origem do termo "idade da loba", esse é em razão do título de um livro chamado "Quarenta: a idade da loba", de Regina Lemos, muito conhecido. O qual retrata as mudanças no universo feminino ocorridas durante a década de 60, os "Anos Rebeldes", quando essas passaram a ir de frente aos padrões de comportamento da época. A autora se refere a essas mulheres como lobas em alusão ao fato de que elas se rebelaram contra a condição de "Chapeuzinho Vermelho", para se equipararem aos homens, ou ao "lobo mau". Assim, com a liberação sexual, elas passaram a não mais aceitar essa condição “inferior” e também começaram a assumir a postura de loba má, mandando um recado bem direto: “Não são somente os machos que podem fazer suas presas!".

Quanto a mim, no entanto, não virei loba... Como já lhe dissera, tornei-me pássaro. Porque aos 40, libertei-me, enfim, de certos pensamentos, ideais equivocados, sonhos vãos, pesadelos,  fantasias pueris, alguns sentimentos e também tormentos... Contudo, pelo inefável amor de Deus... deixei-me mais uma vez... capturar!

Hoje, sinto-me mais livre do que nunca, solta... leve como uma pluma. E acredito sinceramente que ficarei assim... pássaro... eternamente...



Um abraço de mulher pássaro e um beijo em sua alma!
 
Alada
Enviado por Alada em 17/12/2012
Reeditado em 20/12/2012
Código do texto: T4039668
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