OS ELEITOS

Na madrugada de 06 de dezembro de 2012

Quando meu coração e minha mente conseguirem aceitar plenamente e sem nenhuma revolta interior nem dor acerba, todas as renúncias, em cada um dos âmbitos da vida (na vida amorosa, na vida profissional, na vida familiar... no canto... na vida cultural... na vida social... no lazer... bem como – o pior de tudo - a renúncia a qualquer alguma pequena liberdade, que seja, também pela perda da autonomia física...) enfim, quando eu conseguir aceitar todas as infinitas renúncias às quais a Vida me tem obrigado, desde sempre e sempre e sempre, sem tréguas, haverei de alcançar a paz dos eleitos pela dor, a imorredoura paz dos eleitos pela dor, que desejo também a todos aqueles que, nesta Vida e à minha revelia, tenha eu feito sofrer, pelo fato de eu ser como sou, porque sou como sou, (eu, que sempre me vi e me vejo como um ninguém); por ter me tornado demasiado importante para alguns, sem direito a sê-lo – a vida me tem provado isso todos os dias. Ser feliz, no meu caso, é aceitar o dever e o direito, nesta presente vida, à plena renúncia, sempre. Claro, gostaria de poder enxergar algo para além disso, mas, não o tenho conseguido, há um tempo infinito. Há um tempo infinito...

De repente, me vem um pensamento inspirado na fala de um amigo querido: Será que renunciar a alguém ou a algo não significa, paradoxalmente, ter a posse efetiva do ser ou do algo a que se renunciou? Não falo de platonismos, falo de outra coisa a que não saberia dar um nome, mas que, certamente, indica outro modo de se existir, de se ser, de se viver e de se sentir a si mesmo, aos outros seres, ao mundo. À semelhança de místicos como os sufis, como místicos da tradição judaica, como místicos da tradição cristã... como os Iniciados... Quem sabe... Talvez... (Escrevo isso sem qualquer espécie de pretensão a algum tipo de Sabedoria,que fique claro). O amigo que me inspirou é sábio e é poeta. Preciso fundo, neste momento, do conforto que ele me trouxe, sem o saber. Sem o saber.

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