Outono

No outono, quando os frutos abandonam as árvores que lhes

fizeram nascer, e jogam-se ao chão...

No outono, quando as folhas verdes perdem o seu viço e param

de alimentar , com seu metabolismo de néctar etéreo das

radiações solares, a planta, e a abandonam...

No outono, quando os pássaros migram para novas paragens,

colocando o silêncio e a tristeza em torno das árvores que

lhes acolheram durante as boas estações, somente para lhes

ouvir o canto alegre e festivo, e sem mais nada pedir...

No outono, quando a própria terra, que se beneficiou de sua

sombra refrescante, torna-se seca e árida, negando alimen

tação...

No outono, quando todos aqueles que a admiraram e aproveitaram

a sua beleza também a abandonam, a árvore mantém-se viva e

serena. Não desanima e aguarda. Conhece a sua missão e não se

desespera. Não odeia e nem se vinga. Sabe que à humilhação

sobrevirá a exaltação, e, por isso, aguarda com soberba Coragem

o Inverno que haverá de cobri-la com nuvens cinzentas e lama

centas de humilhação, numa tentativa final de destruí-la.

Mas, na sua seiva corre o Espírito do Eterno, e ela disso bem

sabe, tem consciência. E, numa atitude passiva e resignada,

entende a efemeridade

dos tempos.

Então, passados estes, vê nascer em seu mais distante ramo

um broto, como que lhe anunciando as recompensas por tamanha

Coragem. É a Primavera que surge.

Nas estações de outono da sua vida, saiba imitar a árvore.

Em homenagem a meu grande amigo Carlos.

Ana Maria Lima
Enviado por Ana Maria Lima em 25/11/2012
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