MAIS UMA VEZ,PERDÃO
Na madrugada de 24 de novembro de 2012.
Quando compreendi, com plena certeza, que fui e que tenho sido muitíssimo mais importante e fundamental para a vida de determinadas pessoas do que jamais realmente ousei crer, já havia (sem nunca o ter pretendido nem deliberado), causado males sem ressarcimento possível, males irremediáveis. A estes seres que me amaram e me amam (amados também por mim, cada qual de modo diverso); aos que me odiaram e odeiam (nunca odiei nem odeio ninguém), a todos peço, como sempre, e mais uma vez, o meu mais fundo perdão.
A um muito querido amigo, o meu pedido mais fundo de perdão, por nunca tê-lo feito compreender, plenamente, que me tornei outra há pouco mais de duas décadas. Sendo bons amigos, achei que o segredo poderia, para sempre, ter sido apenas e tão somente meu. Enganei-me, perdoa-me. Meu silêncio, que eu julgava protetor, acabou por revelar-se um monstro de múltiplos tentáculos. E não há nenhum antídoto possível, não o há. Perdoa-me.
Peço perdão ao meu ex-companheiro para quem busquei, durante todo o nosso tempo comum, ser a melhor companheira possível. Peço-lhe perdão, embora jamais o tenha traído, jamais.
A vós também peço perdão, por ter duvidado do vosso amor tantas vezes, bem como, pelo fato de eu existir assim em vós, ter causado tanto mal a outros seres que vos amaram e amam, como eu vos tenho amado sempre. A vós, e a vós outros todos seres, eu peço perdão.
Peço perdão, por fim, a todo Novo que poderia ainda vir a ser, mas que não pode nem nunca será possível ser. Por razões de vária face e natureza, a todo Novo que não poderá adentrar por minha alma, corpo e vida, eu peço perdão. É um destino selado, o meu. Por todos os lados e caminhos. A vida, a cada dia, me tem dado mais provas disso. Na minha vida só podem caber amigos, por cuja existência, mulheres e homens, sempre agradeço ao Deus.
À chamada vida amorosa, no plano efetivo dos dias, só me cabe renunciar a ela, total e completamente, pela Lei Azul que me rege o destino nesta vida; não me resta nem nos resta, homem, há muito, qualquer outra alternativa, pelas lealdades a que me obrigo, pelas lealdades a que te obrigas, ser na minha alma, ser no meu corpo, ser no meu coração. Pudera tudo existir diferente... ah, se tal fora possível! Se ao menos eu pudesse ficar a te olhar por cinco minutos que fosse, a sós... Se por cinco minutos, a sós, pudesses ficar-me a olhar... nos seria possível guardar, para sempre, em nós, um pedacinho do paraíso. Nem isso nos foi dado nem tem sido dado viver. Nem sequer esses cinco minutos, à exceção de uma única vez. À exceção de uma única vez.
Escrita ainda na noite de 23 de novembro de 2012.