Crise Existencial

Sinto-me um nada de tudo

Num vazio casual programado e perfeito

Pergunto-me o que valeria a pena fazer, escrever ou desenhar

Acordar para mais um dia feito um zumbi e logo morrer dormindo

Dormi mais uma noite acompanhado comigo mesmo

Nu na cama

Vestido de pudores coloridos

Sonhar com mais um sonho distante

Num pesadelo eterno morfológico

Não tenho esposa

Uma mulher qualquer que me dê prazer

Não tenho filhos

Não gosto de choro de bebê

Não amo o amor como eles amam sem ousar

Não amei a noite o dia

Não sou amado pela amada

Os amigos nunca foram amigos

Queriam algo de que necessitavam

E eu os dei sem lhes dar um sorriso fácil

Dos inimigos ri de suas fraquezas - não eram maldades

Era cegueira de bondade,compreensão,ingratidão tamanha

Da família: o ócio sentimental, frieza de mórbida e nada casual

Quando morrer: não quero ser acordado-não quero ser socorrido-Esqueça-me, onde eu estiver-Céu ou Inferno

Não quero Deus

Não quero o Diabo

Quero pairar numa região inóspita

Quem sabe poder lê de lá as poesias da Dorinha Estrela

Os contos dos colegas do Recanto das Letras

Sendo assim terei uma gota de felicidade

Que me arrastará numa enxurrada de letras

Quando a noite chega

Isolome-me no meu quarto

No escuro

E lembro da mulher

Que tanto cuidei

E foi-se com o filho dela

Nunca foi meu

Sem dizer adeus ou obrigado.

Por quê?

Tamanha vingança maldita?

Culpas de vidas passadas?

Egocentrismo descabido

Maldade sem limites?

Sinto-me um nada

Quando lembro do seu sorriso angelical

E dou um sorriso

Sem sentir a sua falta

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 23/11/2012
Reeditado em 07/01/2013
Código do texto: T4001868
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