Relato de uma época, na qual eu ainda não havia me encontrado
Às vezes me pego numa profunda tristeza, vinda provavelmente de uma insatisfação qualquer. Sinto uma agonia no peito, uma necessidade constante de desaparecer e fico questionando tentando encontra uma saída, mas a aflição se multiplica quando ao invés da saída enxergo a causa de todo este sofrer. A dor aumenta sempre e sempre, pois quando não estou estacionada no tempo, estou a descer e não consigo ver um galho, nem mesmo um espinho para me agarrar e as pessoas que estão em volta, que me amam e comigo se preocupam, é como se elas estivessem assistindo a um filme, nada podem fazer. Quando criança, era determinada, entusiasmada, ágil, forte, com uma visão de vida e forma de agir peculiar, diferenciada das demais e até mesmo mais madura que a da grande maioria dos adultos. Tinha planos, metas, objetivos que sonhava atingir, com isso todos me admiravam e apostavam alto em mim e assim, ao invés de ser ajudada, orientada, eu enquanto criança era quem o fazia com os demais. Não vou negar que isso me fez forte, mas também me fez ser sozinha. Todos ao meu redor viam-me como um ser inatingível, invulnerável. Na verdade eu era apenas uma criança, diferente ou não, mas só uma criança. Contudo alguma coisa me fez parar e não sei mais como continuar. Preciso de ti Senhor, pois só sei me perguntar cadê àquela menina que existia em meu ser, onde estar àquela vontade de crescer, crescer e crescer?
P.S.: Isso foi há muitos anos, que bom que deixei registrado, pois hoje posso ver o quanto aprendi e cresci neste processo de construção, o quanto podemos quando não perdemos a fé e buscamos ajuda, ainda que não saibamos entender os desígnios da vida ou se estes de fato existem. Quando não se desiste, se consegue!