Alma cripta
No além-túmulo não encontra o descanso...
Não tem paz e nao se agrega à luz...
A necessidade de reparação e revelação a induz...
Curvando-a com o peso da sua cruz...
Enquanto vida carnal, calou-se...
Movida pela conivência, omissão ou pressão...
Precisou manter segredo crendo estar poupando vindouras gerações...
Um "calar" familiar, exclusão...
A negligência abafada, a atitude impensada...
O sepultar solitário... o destino trágico... a injustiça lacrada.
Agora vira-se e revira-se em seu túmulo, a Emoção...
Parece ainda haver vida em seus ossos secos...
O soar e o ressoar da clemência sobre si...
É a energia que a fortalece para emergir.
Levanta-se do caixão, a Emoção...
Sai vagando em busca da sua geração...
De alguém que possa consertar o seu destino infeliz...
E solucionar o que a morte não calou, nem dissipou.
Procurando, acaba encontrando...
Na suas descendência que segue em procissão terrena...
Um dos seus que lhe dá a devida atenção...
E recíproco a sua dor, lhe estende a mão.
Há um gemido ressoante de compaixão...
Um mover espiritual e renovador...
E vê-se a solução numa constelação...
Onde o amor libera o perdão...
Pode-se falar, como em confissão...
Dizer o que outrora não se disse...
Revelar o que estava oculto e ignorado...
Reconhecer e incluir o que se havia separado...
Curar o que precisa ser curado...
E na alma familiar a vida abundante vem reinar.
Então o pó retorna novamente à terra...
O jazigo fecha-se em sua Emoção...
A alma livre, encontra o Seio de Abraão...
Porque alguém ouviu o clamor e se importou...
Na ordem do amor, tudo se harmonizou...
E a luz da paz, brilhou!
SempreRose&Angel- 17/10/12
Rose Besen Scheffer