A arte de ser vizinho
As grandes tragédias não acontecem apenas nos campos de batalhas. Muitas e trágicas mortes aconteceram/acontecem em quintais e em becos, entre vizinhos, cujos motivos apontados foram/são os mais fúteis possíveis: criação de animais (galinhas, porcos etc), som alto, invadir um palmo do beco do outro, jogar fezes nos quintais, criar cachorros no beco, queimadas de lixo nos fundos de quintais, etc.
Com apenas uma palavra essas divergências poderiam findar: RESPEITO; é o que falta ao ser humano. O homem, hoje, vive supostamente em uma sociedade tida como “moderna”, porém, ainda preserva costumes arcaicos predominantes na Idade Média, época em que a educação ainda era um sonho a se conquistar. Com o advento da tão sonhada educação, seria normal haver uma evolução dos valores humanos, uma política social voltada para a convivência em comunidade, mas, o que vemos, é a desigualdade vinculada à quebra de valores de uma boa vizinhança, - não de forma generalizada, é bom ressaltar, pois existem aqueles que acham o respeito uma qualidade fundamental de um bom vizinho e exercem essa prática - de uma forma ampla, levando-se em conta que já estamos em pleno século XXI e o egoísmo ainda é o rei absoluto sobre o caráter do homem.
É necessário que cada “cidadão” faça uma reflexão sobre essa atitude desrespeitosa e comece a perceber o quanto está incomodando uma pessoa (vizinho) que, na hora de uma necessidade maior, sempre se mostra solícito a ajudar. Comece, agora mesmo, a implantar a arte de ser vizinho, pois quando se vive em comunidade, é preciso ter a consciência de que o tão difundido respeito é o ponto culminante para que seja alcançado o objetivo do bem-estar individual e coletivo em sociedade. Portanto, se seu “eu egoísta” ainda não aprendeu a inserir-se com o “nós social”, é hora desse seu eu se olhar no espelho e se perguntar: será que eu estou sendo um bom vizinho?
Viver em comunidade exige uma reflexão à prática social, afinal, seres humanos, tidos como racionais, não devem contradizer-se agindo com instinto irracional. Daí, não exija respeito nem educação de seu filho se você não possui em si essas virtudes.
(Gilnei Neves Nepomuceno, 06/08/2001)