Aprendendo a perder

Na corrida pela vida, o vencedor tem direito a um premio: a concepção. Em um encontro perfeito, a evolução sacro da vida humana acontece. O interessante de tudo é que o primeiro órgão interno a ser formado é o coração, e depois tudo desenvolve-se até chegar a hora do nascimento. Já nascemos vencedores.

E a gente cresce. Nossos pais nos criam para a independência, para caminharmos sozinhos, para sermos os melhores, para vencer na vida. Não aprendemos o significado da palavra “perder”, aliás, essa não é uma lição que se ensina nos livros das escolas, essa é uma lição, que a vida, muitas vezes de forma cruel e obrigatória, nos submete a aprender.

Ganhar e perder são duas ações que andam lado a lado, separadas por uma fina e frágil linha. Nascemos vencedores, ganhamos o mundo, porém perdemos a proteção e o calor do útero materno. Conquistamos amigos, adquirimos experiências, perdemos nossa inocência e sinceridade. Abraçamos as oportunidades, novos negócios, novos relacionamentos, perdemos noites de sono, sonhos almejados, a fé em algumas pessoas, e as vezes até em nós mesmos.

E perder dói, dói e não é pouco. Posso te falar isso com propriedade, porque já senti e sinto na pele, algumas perdas são bem superficiais, porém, outras são como uma queimadura de terceiro grau, latente e agonizante, que nunca parece que vai sarar.

Quando perder está associado ao fator financeiro é fácil lidar, é só trabalhar e construir novamente o que perdeu, porém, quando a perca é sentimental e humana é muito difícil aceitar, porque é irreparável, nem que você consiga reunir toda riqueza do mundo, jamais poderá trazer de volta aquilo que perdeu.

Aprender a perder, não está ligado a um conformismo melancólico e vazio. Aprender a perder é compreender que nada é para sempre, é priorizar e viver aquilo que é importante no momento agora, não no mais tarde, no amanhã ou no depois, pois o terreno futuro é incerto e cheio de surpresas. Não se iluda, o que é importante na sua vida deve ser vivido no presente. O que é mais importante: levar flores para quem você ama hoje e declarar seu afeto, ou levar flores no enterro dessa pessoa amanhã e se lamentar por não ter tido tempo suficiente para fazer tudo que queria ao lado dela? Não estou afirmando que amanhã você vai perder alguém querido, estou alertando que nada é para sempre e que amanhã pode ser muito tarde.

Priorizar o que é importante para que amanhã você não se lamente pelo tempo perdido, e sim ser grato por tudo que viveu.

Não se prenda as coisas, sentimentos ou pessoas que você perdeu. Deixe ir. Deixar ir não significa que você ame menos, que você esqueceu ou não existe respeito pelas memórias. Deixar ir significa seguir em frente, estar aberto a novos sentimentos, porém, nunca se esquecer de tudo que viveu, dos lugares que esteve e das pessoas que amou. Não significa desistir, mas dar a si mesmo uma oportunidade de recomeçar. É honrar aqueles que se foram através de uma vida digna, coração alegre e atitudes corretas. É libertar-se do remorso, da culpa, do arrependimento. É perdoar, pedir perdão e perdoar-se. É aceitar que a cada passo dado, coisas ficam para traz, porém, ter a certeza que coisas novas e melhores estão adiante, a nossa espera, mas para alcançá-las devemos continuar caminhando.

Deixar ir está intimamente ligado ao coração, justamente por ser o primeiro órgão interno a ser formado, pois é lá onde a vida e todas as outras coisas se iniciam, e é justamente lá onde a vida e todas as outras coisas encontram o fim.

Deixar o que perdemos, muitas vezes, é a forma mais nobre de ganhar. Ganhar experiência e novos caminhos. Ganhar um novo recomeço, e ter uma nova chance de fazer tudo certo e melhor que antes.

Aprenda ganhar, aprenda perder, aprenda abrir mão, aprenda a priorizar as coisas certas e a recomeçar todas as vezes que for necessário.

Pense, aprenda, pratique, compartilhe e seja muito feliz!