Alma apegada
No piscar dos olhos... no minuto seguinte...
O seu corpo imóvel, sobre a prancha fria do mundo terreno...
Na névoa da separação inaceitável...
Vê-se assim desligado da energia corpórea...
No tempo não desejável... em hora tão inoportuna...
Mas no momento certo? contradizendo o incerto.
Lamentação do que se poderia ainda fazer...
De tudo o que se fez... do que precisa se desprender...
Na hora derradeira e incompreensível...
Para quem acreditou que o fim da vida chegou...
Vai "correr" dos braços estendidos de um anjo...
Que o chama para uma nova dimensão ...
Como poderá ir, então?
Prefere ver as imagens dos grandes feitos...
Dos títulos conquistados... dos imóveis escriturados...
Dos bens acumulados... dos somantes nos cofres "endeuzados"...
Das cenas calorosas dos entes amados.
Como sobreviverá sem casa, sem nada?
Ò terra amada, idolatrada, sempre adorada!
Recusa o convite angelical em momento tão crucial...
Sente-se amarrada, embotada, abotoada, atordoada...
Quer rever seus direitos, seus conceitos, ceifar, levar...
Pois semeou, regou, acumulou, regalou...
Já sabe que assim não o será...
Terá que deixar, entregar, liberar...
Seguir um novo caminho, desapegar.
Se o brilho do ouro delapidar o seu coração...
E nele apegar-se, como opção...
Continuará velando pelos seus bens... pelos que queria bem...
Frequentando o seu castelo material, aprisionado, mortal.
Até que os porões do inconsciente se lhe abram a visão:
Um novo reinado... onde tudo há... nada faltará...
Semeará e colherá... tudo frutificará...
Poderá até acumular... amontoar...
Contabilizar créditos e acréscimos em cada flor que regar...
Em benevolências e merecimentos...
No Jardim Celestial, na Sua Terra Natal!
SempreRose&Angel 22.08.2012
Rose Besen Scheffer