O QUE SÓ SEI, DE MIM

Só sei de mim, que tento sempre amar, que tento sempre compreender, até mesmo aqueles que não me queiram bem, aqueles que até mesmo me odeiem por crimes dos quais jamais me poderei lembrar, crimes por mim cometidos em antigas vidas, talvez.

Só sei de mim, que tenho horror a causar sofrimento a alguém, mulher ou homem, animal ou planta.

Só sei de mim, que luto o tempo todo com a minha sombra, não para renegá-la, mas, para trazê-la à luz da consciência, com o objetivo de transmutá-la.

Só sei de mim, que há em mim uma enorme Saudade e Nostalgia de Deus,que se transformam em Fé quando oro todas as noites pela minha Paz e pela Paz dos seres que amo, que me amam, pela Paz dos seres a quem eu tenha ferido, pela Paz dos seres que me feriram.

Só sei de mim que - confesso e reconheço - tenho ainda muita dificuldade para perdoar e para aceitar as ações e as omissões de um determinado "filho pródigo", de um mesmo sangue comum que só tem recaído sobre mim, sobre a minha infeliz cabeça pecadora. Reconheço também que daria parte da eternidade que talvez exista para vir ainda a alcançar-me, em mim e para mim, a Graça do meu perdão a esse "filho pródigo". Por mim, só por mim, porque não creio que ele saiba que precise disso, do meu perdão, nem creio que ele saiba de que tenha algo de que me pedir perdão. De todo modo, este conhecimento dele sobre si mesmo só lhe cabe a ele, não a mim. A mim só cabe a parte que me cabe, a do meu a ele perdão, Graça que ainda virá a me caber.

Só sei de mim, que devo amor, fidelidade e proteção à minha mãe, dentro dos limites que meu corpo tem. Dentro dos limites em que consigo mover-me,com o peso das minhas múltiplas, antigas e novas renúncias.

Só sei de mim, que tento, na medida do meu possível, ser uma pessoa ética e respeitar os direitos das outras pessoas, sejam amigas,sejam adversárias (por múltiplas razões, julgadas ou reais que o sejam); o tempo em que me sonhei unanimidade e me sonhei ser amada e compreendida por todos já se desvaneceu há séculos. Hoje tento viver com o que me possam dar e é muito, e agradeço por tudo o que recebo. Às vezes quer-se mais, mas, é preciso trabalho interno para transmutar tudo o que exorbite do nosso direito.

Bom domingo,amigos.

* "Afinal, por que não nasci eu um simples vagalume?"

Quase no início da tarde de 05 de agosto de 2012.