PROMOVENDO A PAZ

Algumas vezes tomei atitudes que me fizeram repensar se foram adotadas de acordo com o bom senso. Era Delegado de Polícia na cidade de Carapicuíba em 1987. Numa noite de verão, plantão movimentado, elaboramos Boletim de Ocorrência de Lesão Corporal Dolosa. Um vizinho agrediu o outro com facão, causando um longo corte no braço e que seguramente exigiu sutura com mais de 10 pontos. Mais tarde, a vítima voltou dizendo que o agressor ainda estava na esquina com um facão na mão. Solicitei uma viatura e os PMs trouxeram o agressor e o facão para a Delegacia. Como não era mais um caso de flagrante e como o movimento já havia diminuído, resolvi tirar um tempo para aconselhar os dois contendores. Comecei a falar a eles que a Polícia deveria ser somente para os fora da lei e não para cidadãos trabalhadores como eles. Comentei que os vizinhos devem adotar recíprocas condutas de proteção. No meio da conversa começou a rolar um clima de entendimento e o agressor já estava com os olhos marejados de água e demonstrando grande arrependimento. Sentindo segurança, dispensei os dois dizendo que eles podiam ir embora e provar para si mesmos que já não havia mais qualquer rancor. Fiquei boquiaberto em ver agredido e agressor deixando a Delegacia e juntos rumando para suas residências. Os dois se tornaram amigos e retornaram para agradecer. Não há maior alegria do que aquela que brota do êxito na pacificação. Bem aventurados os pacificadores porque eles serão chamados filhos de Deus. Obrigado Senhor por me tornares um pacificador.