Como nascem os aborrecimentos
Parece incrível, mas o homem se preocupa com coisas tão pequenas, tão frágeis e desnecessárias. Quantos homens se destroem pelas suas próprias faltas! Quantos são vítimas de seu orgulho e ambição! Quantas pessoas arruinadas por conduzir mal suas vidas, não sabendo ou não querendo limitar seus desejos.
Se todos aqueles que são atingidos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida, interrogasse friamente sua consciência; se remontasse progressivamente à fonte dos males que os afligem, viriam que, o mais frequentemente, poderiam dizer: Se eu tivesse ou não tivesse feito tal coisa eu não estaria em tal situação.
A quem, pois, culpar de todas as suas aflições senão a si mesmo? O homem é, assim, num grande número de casos, o artífice dos seus próprios infortúnios; mas, ao invés de o reconhecer ele acha mais simples, menos humilhante para sua vaidade, acusar a sorte, a chance desfavorável ou sua má estrela, quando na verdade, a sua má estrela está na sua negligência.
Quantos pais são infelizes com seus filhos porque não combateram suas más tendências no princípio! Por fraqueza ou indiferença, deixaram se desenvolver neles os germes do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade que secam os corações; depois, mais tarde, recolhendo o que semearam, se espantam e se afligem da sua falta de respeito e ingratidão.
Quantas dissensões e querelas funestas se teriam podido evitar com mais moderação. Quantas uniões infelizes porque são de interesse calculado ou de vaidade, com as quais o coração nada tem!