Pensar faz bem
Aprecio professores, palestrantes e escritores que em vez de darem respostas prontas, levam seus ouvintes e leitores aos horizontes do pensamento, convidando-os a usar o raciocínio.
Todos eles semeiam um pouco de filosofia na vida das pessoas, o que diga-se de passagem, é salutar.
A propósito, Sócrates (470 a.C – 399 a.C) , o sábio grego, era mestre na arte de criar mecanismos para que as pessoas pensassem nos porquês da existência.
O filósofo utilizava a maiêutica – técnica de utilizar perguntas para fazer as pessoas responderem às próprias questões -, para levar os atenienses a se auto descobrirem.
Em suma, o filósofo convidava as pessoas a se libertarem através do uso do raciocínio.
Uma das maiores heranças que os pais podem deixar a seus filhos é a de estimular seus pupilos a raciocinar, utilizar o senso crítico, a fim de que não sejam escravizados por mentes ardilosas que se aproveitam daqueles que têm preguiça de usar o cérebro.
O caso dos homens bomba por exemplo, é ilustrativo: são todos eles seres teleguiados, mãos de obra usados por inteligências que se aproveitam de seu fanatismo.
E o fanatismo tem sua raiz justamente onde há carência de raciocínio.
E veja o caro leitor, não é que falta capacidade para pensar, capacidade todos têm; o que falta é exercitar o pensamento, o raciocínio, o senso crítico...
Outro fato pitoresco é o ocorrido com D. Ana e Marcos.
D. Ana freqüentava religião A e recebia benefícios assistenciais da religião B, onde Marcos era colaborador, mas para que recebesse esse benefício, se fazia necessário que D. Ana comparecesse pessoalmente ao recinto da religião B, semanalmente.
Certa vez, D. Ana ficou algumas semanas sem comparecer ao recinto da religião B para retirar seu benefício, como ela era assídua, Marcos ficou preocupado com sua ausência e foi procurá-la, quando a viu, perguntou o motivo das sucessivas faltas; ela respondeu:
- Ah, meu filho, fui proibida pelos líderes da religião A que eu freqüento a comparecer no local onde vocês atuam, me desculpe, pode passar meu benefício à outra pessoa.
Marcos redargüiu:
Mas assim... a senhora não questionou, não perguntou os motivos da proibição?
D. Ana, indiferente, respondeu-lhe:
- Sabe que não perguntei nada não!
Uma sociedade que aceita toda e qualquer coisa como verdade irrefutável, sem passar nada pelo crivo da razão, é manipulável, fadada a viver sob o regime de uma das maiores escravidões: a escravidão mental.
E é escravizando a mente, coibindo o pensamento das pessoas, que muitos alienados conseguem concretizar seus ideais lunáticos que espalham dor, sofrimento e desilusão.
Por isso, aprecio tanto aqueles que semeiam filosofia na vida das pessoas, convidando-as através da maiêutica a descobrir o caminho do raciocínio que certamente conduzirá aos tão sonhados dias melhores.
Pensemos nisso.