fonte
A sequidão tomou meu ser
Os galhos já não iam rápidos
Lentos pensamentos
Rápidas lembranças
Nítido sentido
Da sua doce presença
Era flor morrendo
Ao calor do sol forte
E a chuva tão longe
Mostrava-me próxima morte
Então já sem pétalas
Fui a sua mão segura
E você com doçura me regou
Foi a fonte nascente
Regato formou
Da fonte fez um riozinho que
Minha raiz molhou
Tornei-me hoje arvore
Pequena mas com frutos
Doces frutos, escorrendo caldo
Das bocas havidas das crianças
Adultos e velhos
Hoje tão longe daquele tempo
Sentindo o sabor do vento
Na velha cadeira te vejo
Na janela de tardinha
Contemplo os cabelos brancos
E sei que é tu minha rainha
Minha princesa
Amiga e companheira do balanço
Em meus galhos,
Hoje empurra os netos e me acaricia
Lembrando ainda do meu estado e
Do rio que trouxeste da fonte
Do fruto doce que sabias que um dia
De mim comerias.