Minha trajetória existencial e que justifica  o que escrevo


 
                Lá pelos meus 12 anos, depois de uma passagem de 01 ano  em seminário católico, tendo desde tenra idade um espírito religioso, houve uma guinada em minha vida e eu e meus pais nos tornamos espíritas  Kardecistas. Chegamos a esta religião levados pela  dor, por  problemas de saúde de minha mãe.  No entanto, minha índole queria algo mais transcendental e um pouco mais tarde parti para a filosofia hindu, lendo constantemente autores orientais.
                Depois de formado em Direito, tendo que ganhar a vida e tendo constituído família, deixei de lado a filosofia perene, que de certa forma conflitava com o lado material da minha vida e sentia que se prosseguisse no transcendentalismo me sentiria no ar, sem chão.  Em longo tempo, tornei-me cético e gostava de ser livre pensador.
                Agora, depois de aposentado, a minha busca por algo maior retornou e voltei  a ler filosofia oriental, deixando-me impregnar por esta concepção de vida maior, querendo acreditar que somos eternos e que a reencarnação existe, ensinamento que aprendi lá atrás no Kardecismo.
                Entrei no Recanto das Letras para escrever crônicas pelo prazer de escrever.
                Mas a vida nos prega sempre alguma peça. E no final do ano passado, levado por alguns desencontros existenciais, comecei a escrever poemas, sem noção qualquer teórica. Para que entendam, não tinha nenhum livro de poemas, achava que não tinha jeito para isso.
                Atualmente, tenho um livro de poemas da nossa querida Silvia Regina aqui do Recanto, uma grande poetisa, especialista em sonetos.
                Pois bem, agora quero explicar a razão de alguns poemas mais recentes terem um colorido mais transcendental e que, pelos comentários, têm agradado. São ainda minoria, pois a maioria saiu dos meus problemas existenciais e bem terrenos.
                Com a volta de minhas leituras orientais passei a sofrer novamente a influência do hinduísmo, cuja explicação da origem do mundo tem maior amplitude que a visão cristã.
                São muitos os Deuses e a poesia hindu é repleta de metáforas da natureza: poeira, pedras, cinzas, aromas, perfumes de flores são constantemente introduzidas nos poemas.
                Por trás disso tudo, está sempre a procura do Absoluto, do que não tem forma, do Invisível, do Amado.
                Pois bem, amigos e amigas, estou fazendo na minha poesia talvez algo indevido filosoficamente, pois estou sempre narrando acontecimentos meus,  reais ou imaginários, mas adotando este estilo hindu de poetar. Talvez seja isso que tenha agradado tanto os leitores.
                Finalizo dizendo que ainda estou dividido existencialmente. Desta forma, ainda preso ao meu “Eu” egoísta, farei crônicas materialistas, bem terrenas, do nosso dia-a-dia.
                Por outro lado, procurando me desprender, na medida do possível, alçarei meus voos nos poemas.  Fiquei agradavelmente surpreso ao saber que a nossa grande poetisa Cecília Meireles também se deixou impregnar pelo hinduísmo em seus poemas. Indico para quem se interessar, maravilhoso artigo de uma recantista, de nome Cyelle Carmem,  cujo título é: “Cecília Meireles e a poética da morte: Uma leitura Hinduísta”.
                Importante ressaltar: todo esse trabalho é absolutamente amadorístico, sem maiores pretensões, mesmo porque não estou no nível maior de um verdadeiro escritor.
                Dada a explicação, as pessoas entenderão em que universo ou universos  me situo. Dei esta explicação porque gosto de ser transparente. A  seguir, pra quem quiser ler, publico mais um poema e amanhã sairá uma crônica.