Interesse pela memória tropeira cresce no Brasil e desaparece em Sorocaba

Quatro novos livros sobre diferentes aspectos do tropeirismo estarão sendo analisados hoje, dia 3, sábado, na reunião da Academia Sorocabana de Letras, pelo vice-presidente da entidade, pesquisador Sérgio Coelho de Oliveira. Jornalísticos ou resultantes de trabalhos acadêmicos, eles testemunham que o interesse pelo ciclo do tropeirismo continua a expandir-se em diferentes pontos do Brasil.

Inversamente, em Sorocaba, ele praticamente desapareceu. Numa obra também recente – “Aventura no caminho dos tropeiros. A cavalo, da lagoa dos Patos a Sorocaba” – o jornalista Jaksam Kaiser e o fotógrafo Werner Kotz dedicam a Sorocaba, das 164 páginas de seu trabalho, um bonito livro, com cerca de 500 fotos e ilustrações coloridas, apenas 18 linhas e três fotos pequenas.

Nelas, contam que, ao chegar aqui, depois de mais de seis meses de cavalgadas e pousos, não encontraram nenhum serviço público ou particular que pudesse dar alguma informação sobre tropeiros e tropeirismo. Não havia postos de turismo, hotéis e motoristas de táxi não tinham nenhuma informação a respeito, os museus estavam fechados e “a única referência que encontramos sobre o tropeirismo foi um monumento tímido, quase clandestino, numa pequena praça, sem qualquer destaque”. (Editora Letras Brasileiras, 2006, p. 124-125).

O interesse crescente do Brasil pela figura do tropeiro e a ausência de interesse por ele em Sorocaba, constatada pelos jornalistas paranaenses, coincide quase com os 110 anos da última feira de muares. Ela foi encerrada às pressas, em abril de 1897, em razão do surgimento, na cidade, de uma epidemia de febre amarela, que afugentou compradores e vendedores.

A palestra de Sérgio Coelho, aberta a todos os interessados, será realizada hoje, a partir das 9 horas, na sede da Academia Sorocabana de Letras, à rua Com. Oeterer, 737.

Douglas Lara
Enviado por Douglas Lara em 02/02/2007
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