Ganhei um presente!
NUNCA É TARDE
Mirian Goldenberg
Mulheres mais velhas aprendem que a verdadeira realização é poder investir nos próprios desejos
No Brasil, o corpo é um capital. A crença de que o corpo jovem, magro e perfeito é uma riqueza produz uma cultura de enorme investimento na forma física e, também, de profunda insatisfação com a própria aparência.
Quase 100% das brasileiras se sentem infelizes com o próprio corpo.
Ter uma família também é importantíssimo. Casar e ter filhos é um desejo ainda muito presente em todas as gerações e classes sociais. Muitas brasileiras, no entanto, se sentem frustradas por não serem reconhecidas ou valorizadas por maridos e filhos.
Uma professora de 41 anos disse: "Passei a vida inteira cuidando da casa, do marido e dos filhos. Meu marido me traiu com uma garota de 22 anos. Meus filhos nem respondem aos meus telefonemas. Deles, só recebo patadas. Minha única alegria são meus gatos e cachorros".
Ao pesquisar mulheres mais velhas, descobri outra realidade. Muito mais importante do que a aparência e o marido é a liberdade que adquiriram com a maturidade.
Uma médica de 63 anos disse: "Descobri que a verdadeira realização não está no corpo perfeito, na família perfeita, no trabalho perfeito, na vida perfeita, mas na possibilidade de exercer meus desejos, explorando caminhos novos e tendo a coragem de ser diferente. Descobri que não devo me comparar a outras mulheres, pois posso ser única e especial".
Mais velhas, elas passam a exibir seus corpos sem medo do olhar dos outros, sem vergonha das imperfeições e sem procurar a aprovação masculina.
Aprendem que a felicidade pode estar em coisas simples, como dar risadas com as amigas, ter uma alimentação saudável, caminhar na praia. Passam a investir nos próprios prazeres, como fazer pilates, estudar, viajar etc.
Elas passam a cuidar de si mesmas com o mesmo carinho que dedicaram aos filhos, marido, familiares. Não se sacrificam mais e não se esforçam tanto para provar o próprio valor. O centro do cuidado deixa de ser para o outro e passa a ser para si.
Uma professora aposentada de 75 anos disse: "Não tenho marido e sou feliz. Invisto meu tempo, energia e dinheiro em mim. Não me preocupo mais com a opinião dos outros. Não tenho mais medo de dizer o que penso e quero. Tudo ficou muito melhor com a idade. Fiquei mais segura, confiante e autêntica. Pena que descobri a liberdade de ser eu mesma tão tarde. Espero que minhas netas descubram o valor da liberdade muito mais cedo".
-Minha amiga Merô me enviou esse texto hoje.Um presente,pensei.Aos 62 anos,divorciada e com meus dois filhos longeeeee,me preparo para passar o"domingo das mães" sozinha: vou fazer um almoço gostoso e experimentar uma sobremesa diet.Separei um bom filme.Talvez caminhe na manhã fria de quase-inverno.Sou livre e sou grata por isso.
_Maria Neusa em maio de 2012-