OSSOS DO FALECIDO

Já veio à luz do mundo o retalho que descobriste dentro do meu texto. Enfim, tu fizeste o excerto de algo que me pareceu literariamente interessante. Dei um tempo para que ele não voejasse por suas próprias asas no quentinho de sua criação – deformado – visto estar chegando ainda sem o rótulo intelectivo e mercadológico. Sim, porque a criação literária, especialmente em Poesia, necessita de um nome e também é mera mercadoria no armazém das necessidades... O que era originalmente uma prosa poética virou um CONTO... Pode? Em verdade, tu foste a arqueóloga que juntou a ossatura da falecida prosódia fantasiosa. E parece que nem se tratava de ossos de dinossauro ou qualquer outro bicho pré-histórico – o que talvez representasse algo importante para a história da paleontologia – se bem que a boca seja bem grandinha, com dentes de causar medo...

– Do livro A POESIA SEM SEGREDOS, 2012.

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