Um tempo

Recuar. Nesse momento pode ser essa a decisão mais acertada. Chega de insistir, implorar, cercar e causar desconforto. Condeno-me pela forma como tenho me comportado nos últimos tempos.

Talvez mais fácil seria se levasse a vida menos a sério. Digo no sentido de me alhear a compromissos, padrões, e ao que me cobram dia a dia. Abstrair as influências externas, voltando-me para meu interior, dedicando parte da minha existência à procura do meu eu,

onde eu pudesse me encontrar.

Andei em círculo, energizando problemas, a eles dando mais importância do que devia. Enquanto isso deixei de viver. Muitas vezes até os antecipei, o que me fez permitir que passassem despercebidas, sem que eu pudesse usufruí-las, muitas alegrias.

Às vezes a sensação é de cansaço. Deixo-me abater, resmungo, questiono. Mas, se bem penso, percebo o insucesso da minha trilha por estar buscando algo indefinido, confuso e abstrato.

Não ganhei o mundo como desejei. E o amor que sonhei pra vida inteira, não o encontrei. Muito ainda tenho a fazer, mas o instante que vivo pede cautela. Ousar seria cavar mais fundo e, por consequência, alcançar o fim.

A consciência de poder erguer-me e retomar o controle da minha vida me faz crente na cura. A hora é de transformação. Repousar o coração, controlar o impulso e sair de cena é o melhor que posso fazer para me salvar. Só a mim cabe a decisão de mudar. Crescer exige muito, e a dor faz parte. Agora eu quero esquecer o que não tem remédio. Se não pude conquistar, ao menos a recordação devo guardar como algo positivo que experimentei.

Perdi, reconheço. Vou dar um tempo. Preciso “recompor a minha dignidade”.

Espero encontrar tudo mais feliz quando eu voltar.

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 23/04/2012
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