DO VINHO E DA PALAVRA

Desejo que tudo esteja correndo bem nessa Caxias do Sul, que roubou os meus amigos-vizinhos do Litoral num repente... Logo agora que é quase inverno – tempo de libação e Palavra. Ainda bem que temos o vinho, que, aos lembrares, em Caxias e arredores, escorre pelas ruas, ancestralmente... E eu que – mesmo que o queira – não saberei ser colono semeador, plantador de mudas, enxertador... E vir a fazer a colheita das bagas? A libação do vinho me instiga a aprender a arar a terra e me preparar para o mistério das uvas... E arruar os meus neurônios para os precipícios da Serra... Que suplício! Mesmo com o “elixir dos deuses” nadando na cuca, nada de vinho nos neurônios à hora da viagem terrestre. É por isso que anseio chegar à materialização... Já pensou pensar forte, e de pronto, pousar esparramado num tonel de cantina com a torneira aberta? Nada como viajar...

– Do livro ALMA DE PERDIÇÃO, 2012.

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