Não Preciso de Ninguém
Já imaginou uma novela ou filme apenas com o protagonista? Sem atores coadjuvantes, figurantes, técnicos, figurinistas, cenógrafos... E o nosso corpo? Cada célula realiza o seu trabalho, os labores interligam-se e complementam-se, para que todo o organismo funcione. Sem a união de incontáveis gotas, não teríamos o mar, mesmo a pequenina gota inexistiria sem a congregação de moléculas, e as moléculas são o resultado de uma aliança de átomos. A vida é um confluir de forças e processos, na natureza tudo interage e correlaciona-se, dando-nos um exemplo a seguir, uma lição que temos nos recusado a aprender.
Tem gente que “se acha”, coloca-se numa redoma de vaidade e ilusão, enxerga-se acima dos outros, um ser plenamente independente e intocável, senhor de todas as vontades, auto-suficiente... Infectados pela presunção orgulhosa, costumam vomitar a tola frase: “eu não preciso de ninguém!”.
Todos precisam de todos, viver é interagir, o existir é feito de trocas e influências mútuas: quantas pessoas laboram, para que possamos tomar um simples café da manhã? O trabalho de quantos, foi necessário para que vistamos nossas roupas? Quantos anônimos garantem o funcionamento da cidade? Quantas gerações passaram, para que estejamos aqui? Quantas mãos foram necessárias, para que possamos usar um computador, a internet, um automóvel, uma casa mobiliada, ter dinheiro no banco, viajar, consumir? ...
A existência não é uma melodia de uma nota só, a diversidade, adequadamente estruturada, garante a harmonia da música. Não existem notas mais importantes ou menos importantes, todas tem o seu lugar, seu papel na composição.
Resta uma pergunta: existe, quem não precise de ninguém?