Mensagem Pascoal

Certamente, quem chegou a este texto, pensou que ira retratar aqui a importância religiosa da Páscoa Cristã. Lamento, mas não é esta a intenção, como não é fazer o mesmo para a Páscoa Judaica. Venho falar da Páscoa Humana, do sentido que transcende as fábulas, mesmo que não sejam fábulas, mas História.

Não é minha intenção discutir se a formiga realmente brigou com a cigarra ou se Jesus Nazareno ressuscitou, ou mesmo se YHVH (Deus) libertou os judeus do Egito, abrindo o Mar Vermelho pelos gestos de Moisés. O que quero é saber o que podemos sentir e aprender, o que me faz melhor ao conhecer o sermão da formiga, o Sermão da Montanha ou a libertação da escravidão e a entrega dos Dez Mandamentos.

A Páscoa, seja lá a Cristã ou a Judaica, é um momento de júbilo, de renovação, de regeneração, de esperança, de liberdade, de renascimento em contato com o que há de divino e transcendente no universo. Não é por acaso que ela ocorre na primavera para os seus inventores, mas não vou dar voltas falando de festividades pagãs bem mais antigas, com a mesma verdade transcendental oculta através de outras personagens e fábulas, ou fatos históricos, como queiram crer.

Hoje, queria é transcender a crença ou a descrença e mostrar que a Verdade não é sempre palpável e "real" e o que é "real" é subjetivo, varia de sujeito a sujeito. Independente da crença ou descrença em um Jesus histórico, temos um "Jesus Abstrato", tanto quanto o amor, o carinho, o respeito e isso vale para qualquer ser, personagem ou divindade.

Alguns me perguntariam: você crê em Jesus Cristo? Apesar de achar que o Jesus Cristo Histórico nunca existiu, o que aquele "Abstrato" me ensinou é tão profundo e real, que ele é mais real que muitos que passaram por mim. Posso estar errado? Claro! Mas se estiver, amigo, importa?! Não creio em um Deus pessoal, mas na divindade do Todo e leitores, se existir um Deus pessoal, ele seria por acaso tão mesquinho ao ponto de "jogar no mármore do inferno" quem não acreditou nele, sentado em um trono, vendo um Big Brother Earth?!

Hoje comemoro a Páscoa, mas a minha Páscoa, divinamente Humana. Hoje, comemoro o dia em que um YHVH (Deus, Jeová, Javé, etc) "Abstrato" me libertou da escravidão da "relidade concreta"; comemoro o dia em que um "Jesus Cristo Abstrato" me ensinou sobre respeito, amor ao próximo e a "ser um com o Pai". Comemoro até o meu "calvário" e a "via crucis", estrada da vida, talvez dura, que me ensinou que além da crença e da descrença, floresce uma rosa, espírito, exalando amor, abstrato, abstraído deste mundo concreto e formando um outro "eu", tão abstrato quanto todas as verdades importantes que conheci...

Usemos então, amigos, a Páscoa para comemorar todos os seus sentidos e sentimentos que transcendem nossas crenças e descrenças e que nos une, apesar das divergências entre elas.

Baco Diphues
Enviado por Baco Diphues em 08/04/2012
Reeditado em 08/04/2012
Código do texto: T3601508