A MENTIRA
Ontem foi o dia da mentira. Primeiro de Abril.
Dizem que a mentira começou com Nixon.
Ele mentiu até não poder mais.
Depois sifú !
Mas bem antes deu uma discussão filosófica histórica entre Kant e Benjamin Constant.
Esqueça. Não é o nosso Benjamin Constant.
É outro.
Quem quiser saber mais que pesquise, é bom prá aprender.
Kant sustentava que toda pessoa tem o dever formal de falar a verdade.
Benjamin Constant retrucava que em geral mentir é errado; porém, algumas mentiras são boas.
O que significa que a mentira pode ser boa ou má.
Um dia ainda escrevo um pouco mais a respeito.
Hoje não vim prá isso.
A verdadeira razão é que quando eu era garoto, a mentira já existia.
E ainda hoje faz muito sucesso.
Quando sua amada, depois de passar horas se arrumando, pergunta:
___ Estou bonita?
Não conheço ninguém que responde a verdade.
Quando eu era garoto, vinha eu e uns amigos prá escola de bicicleta do Bairro Laboriaux, (naquele tempo uma estação ferroviária), para Araçatuba.
Só no Cristo Redentor da Rua Brasil começava a cidade.
Tinha um posto de combustível perto.
O vigia noturno, um velhote, volta e meia nos dizia:
___ Essa noite, quando acordei de um cochilo, o Cristo estava sentado na calçada, esfregando o solado do pé.
Mentia sério e assombrado.
Ou então:
___ Na casa do meu avô tem um relógio com aquele pendulo. Tão velho, tão velho, que a sombra do vai e vem até já fez um buraco na parede.
Cascata!
O problema é que tudo na vida tem conseqüência.
Brincadeira ou a sério, mentir é errado.
Se uma pessoa pergunta uma opinião e você mente só prá agradar, você sabe que praticou o errado prá não ferir o sentimento alheio.
E assim, aos poucos, justificável ou não, com graça ou sem graça, o hábito de mentir torna tênue e difusa a linha divisória entre a verdade e a mentira.
Por essa razão, nos acostumamos aos poucos a aceitar mentiras.
E, aos poucos, vamos perdendo nossa integridade moral.
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Obrigado pela leitura.
Sajob, 02/abril/2012