CLUBE DAS INCERTEZAS

Bem-vindo ao teatro da vida.

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- Certezas...certezas de quê? tenho duas somente: vim e irei.

- mas...vim de onde? vou para onde? o que devo aprender? o que quero experimentar? o que é querer? ...sem respostas...

- Valores...quais o valores das coisas? seriam as importâncias que damos aos fatos em determinados momentos? o que é valer a pena? arriscar-se a fazer planos?

- Pense: você pode ter planos, simples ou fabulosos, mas são apenas planos. Então você os realiza e os torna verdade... Mentira! Nada disso. Quando você planejou, quando você pensou em planejar, eles já eram verdade, eles já existiam; não aqui, mas em outro lugar, onde residem todos os pensamentos. Não sei onde fica; não sei onde as coisas realmente acontecem. Não me refiro ao destino, pois não acredito que exista. Só sei que no caminho entre aquele lugar e a minha vida, um plano se desintegrou por conta das adversidades e se refez, com outra fachada e sem meu consentimento, mas o plano refeito poderia ter sido bem melhor que o primeiro. Por que não o foi? ... mais adversidades? Talvez!

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Descobri que todas as respostas estão tão próximas, que achamos impossível alcançá-las.

Volte à infância; eu sempre volto.

É uma linha tênue que separa o certo do errado, o bem do mal, o doce do azedo, a criança do adulto e a vida da morte.

Por mais que tento encontrar justificativa concreta para as coisas, nada encontro...porque o justo é tão frágil quanto um filhote.

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Um dia, um filhote planejou continuar sendo apenas um Ser, mas no emaranhado de tantos sentidos e emoções de outros seres, ficou preso.

Tentou se soltar, se debateu, sangrou. Não conseguiu se desvencilhar dos fluídos trocados e nem se livrar das marcas profundas que a rede deixou.

Das marcas fez uma linda "tatoo" e do azedo uma gostosa limonada. Esta sou eu; foi tu; será ele; somos nós; eram vós... seriam eles?

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Atenção pessoas comuns ou extraordinárias: ninguém sabe de nada!

Atenção gente inconsequente ou centrada e dona de si: não sabemos sequer controlar o nosso próprio corpo.

Não sabemos quantas células ou quantos fios de cabelos tem esse corpo que vibra e nem a menos sabemos a razão por que acolhe um espírito desconhecido por nós mesmos.

Nem ao menos escolhemos a quem amar!

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Dizemos: meu corpo, meu espírito, minha emoções, meus sentimentos, minha mente, minhas ideias... Pronomes possessivos; sentimentos de possessão!

Que somos? ...se é que somos algo.

Achamos que temos alguma propriedade sobre tudo que supomos ser ou pretendemos ser. Daí chega a roda viva (até a que se refere a música) e carrega tudo pra lá!

Tantas certezas e tantos valores...para quê?

Estou buscando a resposta lá atrás: antes até da idade dos "porquês"... quando comecei a traçar planos e politizar minha vidinha!

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E quanto a você? já tem respostas às perguntas que formula? ou nem sequer as formula porque já apropriou-se das fórmulas?! Se sim, parabéns pelas certezas; se não...bem-vindo ao clube!

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Respeitável público: Congratulações e meus sinceros agradecimentos aos que conseguiram chegar até esta linha. Tem café e sucos naturais, canapés e docinhos no mezanino. Sirvam-se, por favor. Lá também tem uma caixa de sugestões, disponível aos que queiram manifestar apreços ou desapreços. Então, neste momento, cerram-se as cortinas e, por gentileza, o último a sair, queira apagar as luzes. Não se preocupem com a portaria; mais tarde eu mesma a fecho. Desculpe por não participar...preciso me recolher aos aposentos das lamentações e tentar amadurecer.

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Nota: Todo autor assume o que cria, incluindo o narrador e todos os elementos da sua estória. Entretanto jamais estará obrigado a assumi-los como seu ideal ou tomá-los por sua própria pessoa.

No caso da autora que aqui vos fala, parte das questões criadas encontram-se parcialmente respondidas...ou não.

Até breve.

Marisa Silveira Bicudo
Enviado por Marisa Silveira Bicudo em 16/03/2012
Reeditado em 06/10/2013
Código do texto: T3558212
Classificação de conteúdo: seguro
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