Rotas Para a Liberdade
O materialismo exacerbado por franquias de consumo e luxo, associado a uma prática da sensualidade que nos salta aos olhos, são dois dos terríveis ícones da comprovação do afastamento do objeto social coletivo de mecanismos que conduzem ao que se pode denominar: felicidade.
Ora, que objeto de consumo pode dar prazer integral que venha a preencher a vida do ser de saúde, conhecimento, estima e respeito próprio? Na luta desenfreada para ter, o ser humano se afasta a cada dia da verdade de que somos eternos.
Muitos, no afã doentio em busca do prazer imediato, deixa de deitar olhos para o futuro interminável da alma perdendo grandes oportunidades ao não buscar o aprimoramento íntimo.
O grande problema da eternidade é que se finca no campo do imaterial, em forte oposição aos apelos imediatos do instinto e das seduções do mundo que nos colocam todos a perder.
É preciso elevar as vistas sobre as quimeras e matizes coloridos do mundo afim de se obter um cadinho de paz.
A paz, essa antagonista das rudezas e da crueldade reinante do mundo, é um bem de valor tão elevado, que não pode ser trocada nem por todas as moedas douradas do mundo.
Afirma-se, então, que não se pode ter paz absoluta, a menos que possamos comprá-la com o conforto de moradas ladeadas por segurança, como se viver em abandono do contato com o mundo nos tornasse imunes à sua influência.
Sócrates, ao ser condenado, afirmou ao juiz que era livre e que já estava morto. O acusador, não compreendendo a profundidade das palavras, riu-se creditando à loucura as palavras do filósofo.
Ser livre e feliz é a ânsia que corrói a maioria e a verdadeira liberdade somente goza o espírito comprometido com a luz, com a sabedoria e a verdade. Atingindo a liberdade completa do ser em relação às ilusões do mundo, afinal, poderá o ser humano gozar de uma felicidade duradoura e nada pueril ao invés dos que se iludem com os bens perecíveis do mundo.
Sabido é que não vivemos sem os bens e objetos do mundo que tornam a vida útil, prática e que nos possibilitam trabalhar e produzir mais e melhor, dentro da lei inevitável do progresso. O equívoco é colocar na conquista de bens do mundo nossos únicos objetivos. O mundo material faz parte de nossas vidas, mas não é tudo.
O tudo reside na auto-descoberta: aprimore-se nisso e o seu caminho se tornará mais reto,