Competição salutar
Marcos queria ser melhor que Paulo em tudo; era quase uma obsessão para ele vencer o colega de classe no que quer que fosse. No futebol, natação, voleibol, e principalmente nas notas da escola, Marcos tinha que superar Paulo, pois esse era seu objetivo: Competir com o colega e superá-lo.
Todavia, Paulo antes atento e responsável, começou a relaxar em tudo que fazia, na escola as notas estavam baixas, no futebol seu rendimento estava sendo pífio, e acabou por desistir da natação e do vôlei, enfim, Paulo ficou estagnado, sem melhorar em nada.
Como o objetivo de Marcos era o de ser melhor que Paulo em tudo, com a negligência do colega, Marcos automaticamente teve também uma queda no seu rendimento, afinal, seu objetivo de superar Paulo já havia sido conquistado, então, passou anos e anos deleitando-se com à vitória sobre o suposto colega adversário, sem contudo ter melhorado realmente seu desempenho em qualquer das coisas que estivesse realizando.
Percebeu que os anos correram céleres, e que em realidade, estava marcando passo na vida, porque ficou refém de uma competição infrutífera, que o levara apenas à ilusória vitória de sentir-se melhor do que alguém.
A competição deve existir, todavia, são dois tipos de competição que teremos de escolher para nossa vida.
Uma competição leva à grandes horizontes, de descobertas e superação de limites, de melhoria e certeza de que o caminho traçado está correto.
A outra competição leva à estagnação e a resultados fictícios, que massageiam apenas o ego, sem contudo nos transformar em seres melhores.
A competição negativa é aquela que empreendemos com outra pessoa, porque passamos a viver e enxergar o mundo dessa criatura, se ela, como na história acima, resolver nivelar por baixo, pela falta de qualidade, corremos o sério risco de estagnar também, acomodando-nos à essa ilusória vitória sobre alguém.
Inseguro, o ser humano enxerga a todos como seu oponente, e superar esse oponente, em sua opinião, é sinal de sucesso e vitória. Todavia, isso é um ledo engano, porque desempenhar uma tarefa com mais destreza, mais rapidez e eficácia do que alguém, não quer dizer necessariamente que se está melhorando de fato.
Entretanto, há a outra competição, e esta sem dúvida deve existir, porque é aquela que empreendemos com nós mesmos, esta competição nos leva à descobertas, superação de limites, melhoria contínua de nosso comportamento, enfim, nos transforma em seres melhores.
Apenas a competição que alimentamos com nós mesmos pode nos trazer uma real vitória, porquanto está alicerçada no fiel desejo de evoluir, na sinceridade de ser melhor hoje do que fomos ontem.
O que adianta superar alguém se não superamos a nós mesmos?
E este deve ser nosso objetivo: ser melhor hoje do que fomos ontem, superar o egoísmo que impera no coração, a incompreensão que teima em permanecer, a indiferença que cisma em não largar. Esses limites, caro leitor, serão vencidos apenas quando nos atentarmos para a questão de que competição salutar é apenas aquela que empreendemos com nós mesmos, a fim de superar nosso limites, promovendo a tão decantada reforma íntima.
Pensemos nisso!